Lucien deu um sorriso agradável e estendeu a mão para Fenrys. Após segundos de relutância, ele a apertou. A atmosfera ali estava densa pelo constrangimento da raposa que, com certeza, sabia que tinha interrompido alguma coisa.
— Sou Lucien — apresentou-se, soltando a mão de Fenrys. — Você é?
— O Lucien? — O lobo olhou para Az com expectativa enquanto este assentia devagar. Voltou-se para Lucien com uma postura agradável. — Fenrys, da Corte de Terrasen — ele fez um leve aceno de cabeça.
— Vejo que falaram de mim — murmurou Lucien, entredentes, desviando o rosto para Az.
— Vagamente — falou Fenrys, tenso.
— Azriel, não vai dizer nada? — Perguntou Lucien. — Estou procurando Feyre. Onde ela está?
Saindo da onda de raiva que o havia inundado, Az respirou fundo ao deixar o semblante tranquilo e responder:
— Na pista de dança, se não me engano.
— Obrigado — disse ele. — Prazer em conhecê-lo, Fenrys.
— O prazer foi meu — replicou o lobo.
Lucien deu meia volta e sumiu por entre a multidão dançante. Ao longe, Az podia ver seus Grão-Senhores na pista de dança. Olhando para o lado, percebeu que Fenrys observava a raposa ir embora. Ele franzia os lábios, pensativo.
— Bonitinho — concluiu ele.
— Ah, é? — Az ergueu uma sobrancelha, sentindo o ciúme queimar sua garganta.
— Não mais do que você, claro — acrescentou Fenrys, de maneira galante. Sua mão repousou levemente no ombro de Az, como se para dar ênfase.
Az sentiu o corpo ficar tenso quando se virou de frente para Fenrys. O lobo tinha uma atenção predatória nele e um leve ar jocoso nos olhos.
— Eu estou brincando, Az — ele gargalhou, tocando o queixo de Az rapidamente. Ele tremeu ao simples toque. — Relaxe — sua voz era apaziguadora.
As batidas do coração de Az se acalmaram com o tom daquela voz, simplesmente. Fácil assim. Ele engoliu em seco, admirado demais. Fenrys ainda tinha os olhos examinadores nele.
— Não brinca assim comigo — pediu o mestre-espião, sentindo a garganta seca.
Ele abriu um sorriso radiante. Seus caninos ficaram expostos e como ele amava encará-los. Encarar o sorriso de Fenrys como um todo.
— Entendeu agora como me sinto em relação as fêmeas — comentou ele.
Az franziu o cenho.
— Estava me testando?
Fenrys levou a mão ao peito, parecendo realmente ofendido.
— Não, jamais. Eu apenas brinquei com você. Não te faria ter ciúmes de propósito, encantador de sombras rabugento — ele mordeu os lábios, virando-se em direção a multidão.
Az acreditou naquilo, porque sabia que era verdade. Afinal, o humor sombrio era a natureza de Fenrys e ele gostava de implicar com as pessoas ao seu redor. Ele não era capaz de pontuar o quanto amava sua postura segura e arrogante, o quanto as cicatrizes que se podiam ser vistas através dos olhos de Fenrys o atraíam. Os dois eram quebrados, mas Az sentia como se encaixassem, completando pedaço por pedaço.
De repente, a mão de Fenrys cutucou o braço de Azriel, apontando para o corredor de entrada, que Mor havia nomeado de "O túnel das estrelas". Um macho emergiu de lá. Era exatamente como Azriel se recordava.
O Sol personificado. Gracioso e letal.
Poder e conhecimento emanavam daqueles olhos âmbar assombrosos.
Os cabelos eram como pedra ônix e ele usava vestes parecidas com uma túnica. Era branca, com detalhes dourados, a saia suavemente plissada, deixando suas canelas expostas, onde uma sandália dourada de amarrar subia. Braceletes repousavam em ambos os seus bíceps, ressaltando sua pele escura reluzente. Na cabeça, uma coroa dourada que parecia mais como os raios do sol ou espinhos dourados. Ou os dois. Feyre costumava dizer que ele era quase tão lindo quanto Rhysand e, de alguma forma, mais frio do que Kallias.
Um sorriso diabólico e interessado se abriu nos lábios dele quando seus olhos se dirigiram primeiro a Az, que engoliu em seco. Depois, ele desviou para Fenrys, demorando-se ali, analisando o lobo de cima a baixo. O que foi o suficiente para Az querer arrebentar o rostinho bonito dele. Fenrys uniu as sobrancelhas, virando-se para Az. A esta altura, todos na boate haviam parado o que estavam fazendo para encarar o sol reluzente e terrível na entrada. Ele era magnífico demais para não se olhar. Seu maxilar quadrado se contraiu quando ele desviou os olhos de Fenrys, finalmente.
— O.k. — emendou Fenrys, pausadamente, logo assim que os olhos de Helion saíram dele. — E quem é ele? — O lobo não pareceu nem um pouco intimidado, pelo contrário, sua postura arrogante seguia invicta.
As palavras saíram arrastadas de Az conforme ele segurava o cotovelo de Fenrys para seguirem até os demais. Era o protocolo que a Corte estivesse toda presente para receber a visita de um Grão-Senhor. Agora, não seria diferente, considerando que ele era o único Grão-Senhor de Prythian a comparecer naquela noite.
— Helion — respondeu Az, por fim. — Grão-Senhor da Corte Diurna.
***
Bônus de hoje, meu povo! Um beijo especial para Zoe, do círculo íntimo, porque hoje ela faz aniversário. Meus parabéns, Zoe querida! (Aguardem capítulo novo amanhã)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...