Antes do mergulho

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Aelin deixou Rowan, Feyre e Rhys em uma das mesas com Helion e os demais, onde animadamente, começavam um jogo perigoso de perguntas, respostas e desafios. Ela entraria, na próxima rodada, mas, antes, precisava ir no banheiro. Seguiu atravessando o salão, iluminado lindamente com dourado e prata, trazendo um efeito visual magnífico. Tinha de admitir, a Corte Noturna era estilosa tão quanto ela. Aproximando-se do banheiro, a porta estava fechada. Girou a maçaneta rapidamente e a abriu.

Primeiramente, ela se viu em choque demais para dizer alguma coisa. Sua segunda reação foi levar a mão ao peito. A terceira, foi certamente abrir um sorriso maldoso e abismado.

Havia duas figuras familiares lá dentro. Uma delas encontrava-se sentada na pia do banheiro, a coluna meio arqueada para a outra figura, a que envolvia com as pernas.

A que estava de pé beijava ferozmente o pescoço da outra, que soltava gemidos guturais de prazer, enquanto suas mãos deslizavam pelo corpo da morena, traçando a linha das costas, fechando uma das mãos em sua bunda.

O fôlego de surpresa agarrou em sua boca quando as duas fêmeas perceberam sua presença e viraram lentamente em sua direção. Aelin fechou a porta para evitar chamar mais atenção. Sua postura atrevida se desfez em um sorriso irritante de "sabia".

Atônitas, as fêmeas olharam para ela, congeladas uma na outra, com exceção dos rostos pálidos.

— Eu estou ficando imensamente boa em dar flagras ultimamente — cantarolou Aelin.

A fêmea morena se afastou da loira e virou para a amiga.

— Aelin — começou Lysandra, com a voz apaziguadora.

Mor deslizou silenciosamente da pia, o polegar passando nos cantos da boca, vermelha como um pimentão.

— Lys — Aelin estendeu o dedo. A amiga parou. — Deixa eu adivinhar...vocês duas estavam brincando de "ache a minha língua"?

A metamorfa mordeu os lábios, tensa. Aelin sabia que o seu relacionamento com Aedion era aberto. Talvez, ela e Rowan eram os únicos que sabiam disso, mas não conseguia evitar implicar com a metamorfa por ser pega assim, de maneira tão desprevenida.

— Ache a minha língua nem é um jogo — argumentou Mor, finalmente achando sua voz após o choque.

Bem mesmo que Aelin desconfiou que as duas estavam grudadas demais. Muito amigas. Mas, vendo por esse lado, ela e Feyre também. Aelin sorriu para a terceira no comando.

— Você ficaria admirada pelos jogos que existem no meu lado do mundo, Mor — replicou ela, docemente.

— Ah, merda — irritou-se Lysandra. — Acho melhor ter um bom motivo para ter nos interrompido e ficar torturando a pobre da Morrigan.

Aelin piscou inocentemente, como se estivesse com vergonha.

— Além da vontade de fazer xixi? — Ela pensou. — Não, nenhum motivo. — Exibindo os dentes, prosseguiu: — Francamente, Lys, jamais pensei que te pegaria dando uns amassos no banheiro feminino. — Ela apontou para as estruturas de mármore: — Para isso existem as cabines.

A rainha mordeu os lábios com força, para segurar o riso. Mor, que antes estivera apreensiva, resmungou:

Fala sério! — Ela olhou de Aelin para Lysandra. — Ela estava caçoando da gente?

Lys assentiu. Aelin suspirou, gargalhando.

— Óbvio que eu estava.

Mor deu um suspiro exasperado.

— Se você fosse irmã do Rhys, não pareceria tanto.

Aelin ficou pensativa. Aquilo era um elogio, acreditava ela.

O...brigada?!

Lys colocou a mão na cintura e bateu o pé no chão. Estava furiosa.

— Diga logo o que você quer!

— Além de ir no banheiro? — Aelin levou a mão ao queixo. — Chamar para o joguinho perigoso de Helion. Aedion estava a sua procura quando eu saí. Certamente receberemos propostas indecentes hoje, segundo Feyrinha.

Mor bufou em compreensão.

— E não serão propostas individuais. Helion adora um movimento.

Lys olhou para ela devagar.

— O que? — continuou Mor. — Isso soou terrivelmente como um duplo sentido, mas é a verdade.

— Fala como se soubesse — insinuou Lys, sabiamente.

Mor se calou. Aquilo foi resposta o suficiente.

— Então quer dizer que ele já pegou todo mundo? — Quis saber Aelin. — Interessante.

A loira uniu as sobrancelhas.

— Pela Mãe, não. Ele já tentou ficar com todos aqui, pelo menos uma vez. Tirando, talvez, Amren. Mas...ficar, ficar — ela abraçou o próprio corpo — só comigo.

— Certo — disse Aelin. — Arrumem esses cabelos bagunçados e os vestidos. Temos um joguinho perigoso para jogar com o deus sol.

Mor riu.

— Deus sol?

— Teria um apelido melhor?

Ela negou com a cabeça.

— Certamente que não — disse Mor. — Mas, por favor, não o chame de deus sol na frente dele. Helion ficaria insuportável.

A rainha levou dois dedos a testa, como se prestasse uma continência.

— Pode deixar. Já temos muitas brigas de ego aqui para nos preocupar em colocar mais lenha na fogueira.

Sua devassa — acusou Lys, cerrando os olhos. — Sabemos exatamente que é isso o que irá fazer.

Aelin deu de ombros.

— Pode ser que eu tenha planos de querer incendiar um pouco as coisas — começou, fazendo uma voz desinteressada. — Mas, certamente não pretendo deixar que ele dê em cima do Rowan. Não coloquei esse vestido dourado ostentoso para que o meu parceiro o rasgasse apenas para perder minha majestade para o deus sol.

Mor fez uma careta.

— Eu não sei se eu queria ter visualizado isso.

Aelin deu um sorriso diabólico.

— Queria sim. Vamos, andem logo. Temos um joguinho da discórdia para participar.

***

Bônus de hoje! Até sexta, coisinhas crueis e lindas.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora