Aelin estava sentada na sala de estar da casa da Cidade, junto de Feyre, quando todos começaram a chegar. A Grã-Senhora andava cabisbaixa, distraída, levando a mão no ventre quando tinha certeza de que ninguém olhava. Certamente a traição da irmã tinha sido algo bem mais grave a se lidar, especialmente com a quantidade de hormônios. Contando com as duas, qualquer estrutura cairia por terra se ambas se estressassem.
A rainha ainda não tinha tido tempo com Fenrys e esperava, avidamente, por seu retorno do acampamento.
— Contou para eles? — indagou Aelin. — Sua Corte...sobre a gravidez.
Feyre deu um sorriso fraco. Ela estava na poltrona diante a de Aelin. A lareira apagada no cômodo iluminado apenas pelo sol trazia um ar melancólico ao fim de tarde.
— Ainda não. Vamos contar hoje a noite.
— Ficarão exultantes de alegria — comentou Aelin, lembrando-se que ela mesma não tinha contado a ninguém a não ser Rowan, Aedion, Rhys e Feyre.
Admirava-se pelo fato de Rowan não ter aberto a boca ainda. O parceiro andava inquieto desde a reunião dos Grão-Senhores, ansioso por ter alguma coisa que pudesse fazer para aplacar a sensação de impotência que dominava a todos. Até aquele momento, não possuíam pistas de nada.
As pontas soltas não pareciam se ajustar, pelo contrário, viravam uma bola de neve a cada dia que passava.
Um grupo grande apareceu na sala, que apesar de espaçosa, se tornou um pouco pequena para todos. Aelin se levantou quando viu que sua Corte também chegava. Rowan e Rhys foram os últimos a passar do batente da larga entrada da sala.
— O que está acontecendo?
Rhys deu de ombros.
— Azriel e Fenrys estão voltando, pediram para que nos reuníssemos o mais rápido possível. Tomei a liberdade de transportar sua Corte.
Rowan o olhou com tédio.
—Sempre gentil.
Um sorriso presunçoso assumiu o rosto de Rhys.
— Sempre — e caminhou até Feyre na poltrona, sentando-se no braço da cadeira, envolvendo a amada enquanto beijava o topo de sua cabeça.
Rowan também se aproximou e Aelin deixou que sentasse na cadeira para, então, assumir o lugar em seu colo. A mão de Rowan passou por sua cintura casualmente. Sentado no sofá estavam: Manon, Elide, a galinha Lorcan e Lysandra. Não que Rowan estivesse diferente, ou Rhys. Pareciam mesmo galinhas, o tempo inteiro em cima delas. Respirariam por elas se possível fosse. Machos illyrianos. Ela revirou os olhos apenas pelo pensamento.
De pé, espelhados pelo recinto: Amren, Nestha, no bar dos fundos, já virando uma taça de vinho; Cassian, que a encarava furtivamente repetidas vezes; Aedion, Gavriel e Dorian; Morrigan, elegante e pensativa conforme conversava alguma coisa com os três.
Ninguém chegou a comentar da orgia na Corte Diurna, mas Mor, Aedion e Lys não pareceuram pouco à vontade, muito pelo contrário. Aelin deu um sorriso travesso ao lembrar daquela mescla de cheiros que sentiu quando chegou a Corte Invernal para reunião.
— Estou bem, Lorcan — murmurou Elide, baixinho.
Aelin deu uma risada que cortou as conversas baixas.
— Lorcan, Lorcan...parece uma galinha protegendo pintinhos.
Lorcan deu um grunhido para ela, seguido de um sorriso amarelo. Gostava de implicar com ele, mas entendia sua preocupação elevada. Elide era a única inteiramente humana entre eles. Dorian também o era, mas seu processo de envelhecimento era mais lento devido a magia e o rei era tudo, menos frágil. Elide também não o era. Fora mais corajosa que muitas pessoas que conheceu, mas no grande jogo, Aelin temia que aquilo também não fosse o suficiente.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...