Az ficou ali, parado, observando seu parceiro e o movimento que seu peito fazia ao respirar. Algo o dizia que havia mais na história, e, este foi um dos motivos para que continuasse quieto, dando tempo a ele para se ajustar.
Ele esticou o braço e Fenrys, entendendo, levantou a cabeça para Az o passasse por baixo.
O lobo branco apoiou a volta da nuca no braço de Az e se aproximou dele. Seu calor levava ondas de energia por todo o corpo do mestre-espião.
Sabia que Fenrys não estava em condições de nada, bem como não iria fazer nada a não ser que o parceiro quisesse. Especialmente, depois que ouviu aquela história, que o embrulhava o estômago de ódio só de lembrar.
Fenrys fora escravizado de todas as formas possíveis. Isso explicava tudo, como aquela noite em que brigaram. Az se sentia um idiota apenas por lembrar disso e da maneira como agiu, como se sexo casual não fosse nada demais. Para ele não era, mas para Fenrys, era totalmente diferente.
Seu parceiro, abusado de tantas formas. Queria matar Maeve lentamente, caso não estivesse morta.
Az pousou a mão no coração de Fenrys, que estava em silêncio há um tempo.
— Está bem, quer alguma coisa? — a voz de Az saiu vacilante pela raiva que sentia por tudo que seu parceiro sofrera. — Não precisa continuar se não quiser.
Fenrys desviou os olhos escuros para ele. Seu suave repuxado sob os cílios loiros deixava Az inebriado.
— Estou quase acabando. — Ele limpou a garganta com dificuldade. — Tem uma última coisa...uma que descobri há pouco. — Os dedos de Fenrys voltaram a acariciar os da mão de Az, que se dispunha em cima de seu coração acelerado. — Quando você veio atrás de mim, e...me entregou aquela maçã, eu tive uma lembrança. Como um flash muito intenso de um compilado dos mesmos sonhos de sempre. Sonhos que...Maeve me fazia esquecer assim que eu acordava, para que eu não buscasse fundamento neles.
Az sentiu o coração dar um solavanco.
— Que tipo de sonhos?
— Asas...— disparou ele. — Suas asas. E sombras, também as suas.
O parceiro de Az mordeu os lábios com força.
— Nem mesmo minhas memórias ela poupou. Isso com certeza deveria estar muito enterrado dentro de mim, a ponto de não conseguir me lembrar nem mesmo depois que me livrei dela. — Seu olhar de angústia cortou o coração de Az. — Mas quando você me jogou a maçã, tudo voltou. Acho que era porque eu estava prestes a aceitar a parceria, não sei. Eu teria sabido mais cedo de você...talvez — mas ele se ateve, com a voz embargada.
O ódio que se instalou nas veias do mestre-espião era frio, como o tempo lá fora. Levou a mão ao rosto de Fenrys, obrigando-o a encará-lo mais.
— Não — começou. — Pare com isso. Se culpar não vai adiantar de nada. A culpa foi dela, única e exclusivamente. Entendeu? Não permito que se culpe pelo que sofreu na minha frente.
Fenrys passou a língua nos lábios, encabulado. Não havia sequer um pingo de sua personalidade arrogante e sarcástica ali. Somente ele, sem filtros. Aberto para Az, somente para Az. Como Az se abrira para ele. Aproximou-se mais, de modo que ambos compartilhassem o mesmo fôlego, deleitando-se do calor, da respiração entrecortada, a beleza do quase toque. Os olhos de Fenrys fecharam sob as sobrancelhas amarronzadas. De alívio, de cansaço...de tristeza.
— Estou cansado, Az. Tão, tão cansado — admitiu, com a voz baixa.
Az levantou rosto e apontou seus lábios para a testa de Fenrys, demorando-se em sua pele quente, mas agora em temperatura normal.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...