Capítulo 31- Jogos perigosos

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— Cale a boca, Helion — ordenou Mor, tensa. — Não piore tudo.

— Sabia que eu sou bom em ajeitar as coisas? Sente-se e aproveite a comida e o vinho — sugeriu ele, galante. — O resto vamos tratando no decorrer da noite.

Mor precisou de todas as forças para não o lançar um sinal obsceno com o dedo médio. Hesitante e sentindo vontade de sumir dali, ela respirou fundo e se sentou.

Helion ergueu uma taça, fazendo com que outra aparecesse na frente de Mor. E mais uma para Lysandra.

— Um brinde aos novos amigos — saudou. — Com benefícios ou não — acrescentou maldosamente.

Aedion bebeu um longo gole.

— Sobre o que exatamente eu devo falar com Mor? — ele indagou para a esposa.

Lys acariciou o canto de sua têmpora e puxou um fio de cabelo para trás da orelha carinhosamente.

— Ela não acredita que temos um relacionamento aberto.

Helion engasgou com a uva que mastigava. Isso estava ficando muito, mas muito interessante.

— E por que Mor teria interesse nisso? — intrometeu-se.

Mor o lançou o um olhar que dizia "desgraçado maldito". Ele piscou abusadamente para ela, que desviou a atenção para Lys.

— Helion, já não disse para se calar? — lembrou Mor, secamente.

Tudo se tornou claro como o dia, de repente. Devagar e divertidamente, o Grão-Senhor examinou cada um deles.

— Vamos fazer um joguinho. Chama-se: eu gosto de — sugeriu, ignorando o último comentário de Mor.

— Merda — murmurou Aedion. — Você e seus joguinhos.

Lys pareceu apreensiva por uns instantes, mas depois deu de ombros.

— E não vale mentir — acrescentou Helion. — Vou dizer uma coisa e vocês me dizem se gostam ou não. Uma pessoa começa e pergunta para outra. Depois, a outra pergunta para a seguinte e por aí vai. Combinado?

— Não estamos sóbrios demais para esse jogo? — indagou Lysandra, franzindo o cenho.

Helion contraiu os lábios.

— Sóbrios demais é interessante, pois falaremos por vontade própria e não induzidos pelo álcool — argumentou.

— Justo — para sua surpresa, Aedion foi quem respondeu.

Helion tentou evitar a excitação que percorreu seu corpo quando o macho topou a brincadeira.

Eu gosto de machos — começou Helion, olhando para além da mesa, olhando para: — Aedion.

O príncipe deu um sorriso torto e inabalável como sempre.

— Seu sonho descobrir isso, não? — respondeu ele, cerrando os olhos provocativamente.

— Não responda uma pergunta com outra. Isso não faz parte do jogo. Pode beber do vinho para confirmar. Ou não beber para negar. O que for melhor para você — destacou, com a voz metódica.

Aedion pegou a taça, sem tirar os olhos turquesa de Helion e deu uma longa golada. Uma que fez o Grão-Senhor engolir em seco. Mas ele não demonstrou qualquer emoção, permaneceu com a mesma expressão cínica de Aedion.

— Sim, eu gosto de machos, tanto quanto gosto de fêmeas — respondeu, naturalmente. — Você também, eu percebo.

Helion riu, os dois ainda mantinham contato visual.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora