Capítulo 54- A reunião dos Grão-Senhores

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O salão estava iluminado ao fim de uma tarde assustadoramente ensolarada na Corte Invernal. Estavam em um espaço redondo, repleto de colunas de gelo, o teto abobadado, feito da mesma forma. Não havia paredes os separando do sol da tarde e da imensidão branca, mas o vento não ultrapassava pela sala de reuniões aberta. A vista era de fato de tirar o fôlego.

Podia-se enxergar os jardins congelados, e toda a parte da frente do castelo, incluindo o folly por onde chegaram, a pista de patinação, as muralhas, a floresta e as montanhas congeladas ao longe. O sol forte naquele dia estranhamente límpido após uma nevasca parecia quase ser uma interferência de Bride para que os humores melhorassem.

O ambiente em si parecia um folly gigante e era um dos lugares mais altos do palácio, como uma varanda. Feyre ajeitou o vestido escuro de manga, repleto de arabescos bordados de pedras escuras brilhantes, e sentou entre Rhys e Aelin. A corte Noturna à esquerda de Rhys, e a estrangeira à direita de Aelin, seguindo Rowan, Manon, Dorian, Gavriel, Aedion, Lys, Fenrys, Vaughan, Elide e Lorcan. Helion emendou daquele lado, com Neroda a sua direita e o resto de sua corte bronzeada, linda e vestida de cores exóticas. O círculo de cadeiras ao redor do espelho d'água congelado continuou com as cortes de Thesan, Tarquin e Tamlin, sozinho, entre Eris da Outonal e um macho da comitiva da Estival que não parecia nada feliz de estar ao lado dele. Depois da Outonal, começava a corte de Kallias e Viviane, separando a Corte Noturna da Outonal, cujas expressões degradantes eram insuportáveis de se encarar por muito tempo. Azriel, Mor e Cassian estavam sentados em trio como nos velhos tempos. Depois de estipularem na última reunião na sala comunal, decidiram que seria melhor fazer a separação das cortes para dar um ar mais profissional ao que tratariam ali. Fenrys e Azriel foram os primeiros a concordar, apesar de Feyre ver nos olhos deles que estavam tensos por sentar longe um do outro. Em seguida, Lucien, Elain e Nestha, e Amren, por último, do outro lado de Rhys.

Mesmo ao ar livre, era como se a atmosfera se tornasse densa demais, a ponto de parecer irrespirável.

Os olhares de ódio com alvos específicos eram claros. Beron a Neroda, Helion e Lucien. Tamlin a toda Corte Noturna e estrangeira, especialmente a Feyre.

Todos conversavam em cochichos conforme iam se sentando e agrupando. Era inevitável que a mente da Grã-Senhora não retornasse a tantos momentos da última reunião, onde Tamlin a tentou humilhar por diversas vezes. Rhys, como se antecipasse isso, colocou a mão em sua perna, um toque tranquilizador, enquanto respirava fundo para tomar a palavra.

Os dois ainda não haviam contado a Corte sobre o bebê. Fariam isso em breve. Quando fossem embora da Corte Invernal. Em casa, contariam em casa e comemorariam, mesmo que por uma noite, aquela alegria.

Mas primeiro, a guerra.

A voz de Rhys afugentou todo e qualquer pensamento a respeito do bebê, especialmente pelo tom formal que usou:

— Boa tarde a todos. Acredito que muitos aqui já saibam por alto o motivo desta reunião, por termos adiantado a urgência dela em cartas. Também já tiveram a oportunidade de conhecer a corte estrangeira e seus governantes — ele articulou para os membros dispostos nas cadeiras além de Feyre. — Como bem sabem, o problema que chegou até nós é maior do que qualquer um já enfrentado. Uma deusa: Bride.

— Nós não temos deuses — disparou Kallias, desconfiado.

— Deste lado do mundo, floquinho de neve — corrigiu Aelin, presunçosamente.

Feyre mal podia acreditar no que ela tinha abacado de chamar Kallias: Floquinho de neve?

— Então devemos pressupor que trouxeram os problemas do outro lado do mundo até nós? — Foi Thesan quem indagou. Talvez, um dos Grão-Senhores mais técnicos.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora