Capítulo 39- Imediata

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A Grã-Senhora da Corte Noturna sentiu os pelos da nuca se arrepiarem conforme seguia pelos corredores da Casa do Vento em busca de Aelin. Apressada, ela cruzou um corredor praticamente derrapando, usando da mesinha ao lado para se equilibrar.

Aelin gostaria de saber que Azriel tinha sentido Fenrys. Ficaria aliviada, na verdade.

Mas, como de praxe, aquela noite estava longe de acabar. Virando mais uma das esquinas da casa, ela bateu fortemente contra um corpo mais alto que ela. A figura resmungou, esfregando o queixo, enquanto ela massageava a testa que bateu nele. Levantando os olhos, ela viu duas íris safiras, ainda mais acentuadas pela luz prateada da lua que adentrava no corredor, sendo que uma pequena parte dela já começava a ser tomada por pelo eclipse. Os lábios suavemente carnudos do rei de Adarlan se abriram em um sorriso doce e de desculpas.

— Peço perdão, Grã-Senhora — pediu ele, em um tom formal.

Feyre suspirou, quase nem sentindo mais a testa.

— Feyre — corrigiu ela, amigavelmente. — Me chame de Feyre, Dorian.

Ele assentiu brevemente. Era um dos humanos mais lindos com quem Feyre cruzara. Sua beleza era quase sobrenatural. Talvez fossem os olhos, os movimentos discretos e contidos, o tom misterioso, o poder e a sabedoria que o rei de Adarlan escondia por trás de casacos caros e um sorriso encantador.

— Certo, Feyre — concordou. — Precisa de algo? — acrescentou ele.

Por cima do ombro do rei, Feyre focou os olhos no quarto de Aelin e Rowan.

— Na verdade, esperava falar com Aelin — começou ela. — Az encontrou uma pista de Fenrys. Ela vai ficar aliviada em saber, já que não sai do quarto desde cedo.

Dorian mordeu os lábios, sugando-os para dentro. As mãos foram para trás do corpo, casualmente.

— Acho que devo informar que nossa querida amiga e rainha de Terrasen não está no quarto — disse, com receio.

Feyre piscou.

— Como não está no quarto?

Ele tirou uma mão de trás do corpo e apontou com o polegar para atrás.

— Acabei de verificar — acrescentou.

O semblante dele escondia algo...

— Dorian.

— Feyre.

Ela reforçou o olhar, semicerrando-os para o rei. Quando percebeu que seria impossível vencer Feyre naquela batalha visual, ele cedeu.

— Assim que acabei meu turno de busca, cheguei no quarto e não vi Manon. Imaginei que estivesse com Aelin, por isso vim procurar — contou. — Mas as duas sumiram. E Abraxos também.

Feyre ergueu uma sobrancelha.

— Abraxos? Mas aonde elas foram?

Dorian deu de ombros, cansado.

— Eu estava indo ver se por acaso não tinham falado nada para você.

— Não — respondeu a Grã-Senhora. — Não me disseram nada.

O rei fez algo que ela jamais pensou que faria. Xingou baixinho, realmente irritado.

— Dorian, se há algo que eu precise saber, diga agora — exigiu Feyre.

Ele a encarou por alguns segundos, passando as mãos nos cabelos pretos sedosos e desgrenhados.

— Acredito que as duas tenham ido fazer as coisas do jeito delas.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora