Capítulo 24- Segredos enterrados

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Feyre se sentou ao lado de Rhys. Mal tinha dormido durante o dia, bem como seu parceiro, não com tudo que tinha acontecido. Ainda era difícil de acreditar que a Mãe em pessoa os tinha feito uma visita, mais ainda, crer que ela os ameaçou tão facilmente. Acostumar-se com a calmaria era mais fácil do que com a tempestade.

E lá estavam eles de novo, reunidos após o jantar, que consumiram em silêncio, apenas com taças de vinhos e murmúrios baixos. Parecia que o primeiro jantar com a corte estrangeira tinha sido em outra vida, uma mais fácil, onde a paz era algo palpável e bom. Uma semana. Foi o suficiente para que tudo mudasse da água para o vinho.

Olhando através da mesa, Aelin a deu um sorriso fraco. Ela também passara por muito, mais até do que Feyre, pelo pouco que ouvira de sua vida e seus feitos. Não estava sendo fácil para ela, via-se abaixo daquela camada de autoconfiança que Rhysand também possuía. Certamente a semelhança entre os dois a fazia entender muito Aelin, por mais que ainda desvendassem uma a outra. A história de verdade sobre os horrores da guerra...ainda não haviam chegado lá.

Esperava que Aelin se sentisse à vontade para conversar disso com ela. Helion estava na cabeceira, visto que não haviam mais lugares vagos nas laterais da grande mesa. O Grão-Senhor não pareceu ligar, muito pelo contrário. Ele não dera uma palavra durante o jantar, e mal tocou na comida. O vinho, por outro lado, parecia seu foco naquela noite. Aelin e Feyre estavam ao lado dele, enquanto que Rowan e Rhys, encontravam-se no outro.

Rhys...

Feyre ainda se encontrava arrasada pelo parceiro. Dos silenciosos, ele era o maior. Punindo-se pelo que aconteceu, como sempre fazia. Tentou não se lembrar de quando adentraram no quarto da Casa do Vento e ele imediatamente os atravessou para a Casa da Cidade. 

Andando de lado para o outro, Rhys parecia desordenado. E não queria, percebera ela, que os outros soubessem que o quanto aquele ataque mexeu com ele.

— Ela derrubou minhas defesas...como se fossem nada... — murmurou ele, em fôlegos breves. Ainda não havia olhado os olhos de Feyre desde que saíram da ponte.

— Rhys, você ouviu Helion — começou ela. — Bride é uma deusa. Mesmo você não poderia ter feito nada...

— Poderia! — retrucou ele, frustrado. As estrelas salpicavam no violeta de seus olhos vividamente. — Eu deveria... — ele respirou fortemente. —...deveria...

Feyre sentiu o coração diminuto. Jamais vira Rhys assim. A não ser quando ela morreu em Sob a Montanha. Daquela vez, ele pôde gastar as energias voando em Amarantha, mas desta? O que poderia fazer?

— A corte estrangeira é tão poderosa quanto nós. Lutaram em muitas batalhas. Vamos resolver isso. Achar a maldita Pedra — disse ela.

Rhys riu amargamente. A tristeza em seu semblante partia aos poucos a consciência de Feyre, que lutava para não o abraçar, porque ele precisava de tempo, precisava esbravejar e andar de um lado para o outro, sem rumo. Todos precisavam disso em algum ponto.

— Ela enganou Helion, ameaçou você... — ele parou, pousando as mãos na cintura, o ar que soltava era descompassado. — Se algo acontecer com você, pelo amor da... — parou, xingando. — Nem isso podemos falar mais, não é?

Feyre deu um passo em direção ao parceiro, este não se moveu.

— Ela não vai fazer nada contra mim. Não depois de ver o que fizemos com a sua esfera de fogo — argumentou.

Rhys deu um ruído engasgado, ainda evitando o olhar de Feyre. A Grã-Senhora sabia que ele se sentia culpado antecipadamente caso algo acontecesse a ela.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora