Manon observou aquela flecha descer com estupor.
O que aconteceu depois, também.
Cada pedaço de terra ao seu redor reverberava com os passos daquelas criaturas ferozes que avançavam contra eles. O general e parceiro de Nestha estava lá, junto com seus soldados, as asas o impulsionando para frente e, pela deusa de três rostos, ele parecia total e completamente letal.
Em algum lugar, não muito distante dali, Manon sentia aquela energia poderosa que a puxava, sussurrando coisas em seu ouvido, como se dissesse: Venha, venha até mim.
Dorian a fitou por um longo instante. Nostalgia e amor se mesclavam naqueles olhos safira que eram a sua perdição, mas também salvação.
Na posição que estavam, uma elevação no imenso terreno, observavam todo aquele horror. O sangue, que antes gerara tanta alegria para Manon, que matava por matar, porque era a única coisa que tinha sido ensinada a fazer, agora era motivo de repulsa.
Ao mesmo tempo, a sensação de devajú, ao ver suas Treze realizando...
Intorrompeu o pensamento que a distrairia. Era perigoso demais em uma batalha daquela magnitude.
Em questão de segundos, os exércitos se chocariam de verdade, então não haveria mais escapatória.
Jamais esqueceria aquele som, pois era um dos piores na guerra. Estridente, desesperado, cheio de fúria e dor e morte.
As batidas de seu coração chocavam-se contra as costelas, porque não possível se acostumar ao horror, mesmo na época que Manon apreciava batalhas e matança, nunca fora fácil de fato.
Mas, quando não se conhece nada além disso, é muito mais suportável.
Entretanto, agora ela tinha uma família e amor. Pelos deuses, ela tinha se casado com um homem mortal. Pareceria insano ao seu eu de anos atrás. Para o seu eu atual, era a maior dádiva que poderia receber.
Os gritos esganiçados começaram quando as linhas de frente se atracaram. Nestha perdeu o ar ao seu lado, especialmente porque Cassian estava naquele meio. Seus olhos de bruxa podiam observar os movimentos precisos e letais. Ele era fluido e a espada, uma extensão de seu braço, como deveria ser.
Um toque suave da fêmea ao seu lado a fez olhar em sua direção. Nestha abaixou os lábios na direção de seu ouvido e disse:
— Venha comigo — Não era uma pergunta. Era uma exigência, como se ela fosse a rainha e Manon, sua súdita.
Manon a teria matado há alguns anos, talvez a colocado em seu devido lugar há alguns meses, mas não depois do que passaram juntas. Não depois de perceber que Nestha tinha uma alma tão bruxa quanto a dela.
— Estamos aqui para lutar, não vou fugir — sussurrou.
Dorian tinha se afastado dois passos, conversando Chaol sobre alguma coisa.
No céu, criaturas de aspectos horrendo e gritos estridentes surgiram.
Os fôlegos foram tomados diante daquelas...aberrações. Eram grandes, com corpo de pássaros e rostos de mulheres, mas não havia nada além de horrendo em suas feições, como em todo aquela penugem e garras letais.
Elas imergiam do exército inimigo, descendo em direção ao exército unificado, varrendo tudo em seu caminho.
Gritos e desorganização. Em forma de serpenta alada, Lysandra avançou contra uma delas, só que mais e mais surgiam, manchando o céu nevoento daquelas bestas mortais.
— Mirem nas harpias! Nas harpias! — Manon ouviu Aedion gritar de algum ponto.
Os arqueiros miravam, mas poucas eram as flechas que realmente acertavam o alvo.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...