Capítulo 47- O núcleo do Sol

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Aelin olhou bem para o macho diante de si.

A impertinência, a soberba, a total falta de empatia por qualquer ser vivo, e engoliu em seco o enjoo.

Por aquele instante, ela apenas absorveu cada centímetro intragável dele, como fizera com Tamlin, a quem certamente incineraria se abrisse a boca grande.

Ela desviou o olhar entediado para a fêmea ao lado dele. Era tão linda como um dia de outono, mas estava magra, as bochechas fundas, a pele que normalmente deveria ser brilhosa e suave, com aquelas sardas lindas, estava mais pálida, sem vida. Fosse o que fosse, não era mais a mesma que um dia fora. Ao menos, pelo que Rhys contou sobre como Neroda era bela e poderosa antes do caso com Helion.

O que só poderia fazer do macho em seu outro lado, Eris, o irmão mais velho de Lucien. Aqueles olhos âmbar buscaram devorar Aelin, que despejou tanto desprezo e aviso em um sorriso, que ele imediatamente desviou, sua insolência sumindo com o ato.

— Admito que achei que fosse mais... — a arrogância na voz do Grão-Senhor era de outro mundo —...interessante.

Aelin virou a cabeça para trás e deu uma gargalhada mais afiada que uma faca. Podia sentir o poder de Rowan atrás dela, conforme este se aproximava como um felino. Ela ergueu uma sobrancelha.

— Você acha? — e deixou que seu poder projetasse uma coroa de fogo ao redor da que já descansava ali, bem como ao redor de todo seu copo, como uma aura luminosa. O sorriso maldoso não deixou os lábios do Grão-Senhor, mas ele engoliu devagar, os olhos não conseguindo esconder a raiva e a surpresa. — Posso dizer o mesmo de você — e o correu o corpo com o olhar desinteressado e cheio de nojo.

Por um momento, achou ter visto as bochechas do Senhor da Outonal ficarem vermelhas de raiva. Neroda era uma beleza oprimida e satisfeita ao lado dele, observadora, antiga...sábia. Aelin entendeu porque Helion havia ficado louco por ela.

— Algum problema aqui? — Kallias, que havia se aproximado sorrateiramente, disse em tom apaziguador.

Rowan já estava atrás de Aelin, as mãos posicionadas suavemente em sua cintura. Ao lado, Feyre encarava Beron com repulsa, Rhys era o semblante do deboche inteligente. Para sua surpresa, além do Círculo Íntimo que se aproximou, Lucien também veio, parando do outro lado de Feyre, como fez quando Tamlin chegou à festa.

Feyre foi quem respondeu, libertando Aelin da análise do ambiente.

— Problema algum. — Sua voz estava mecânica, controlada. Como a voz de uma governante deveria ser, apesar de seus olhos serem puro gelo. — Estávamos recebendo Beron.

O macho finalmente pareceu notar Feyre. Aquilo aqueceu Aelin, aquela indiferença diante da Grã-Senhora e amiga. Kallias deu um sorriso forçado na direção dele.

— Seja bem-vindo, Beron. — Ele se voltou para a fêmea: — Neroda — ela assentiu devagar. — Eris — o último nome saiu praticamente arrastado.

Lucien estava focado em Beron, aquele olho avermelhado faiscando, enquanto Neroda o fitava, com amor e saudade. Para uma mãe, deveria ser uma situação difícil. Mas o macho nem sequer a olhava. Estava com raiva, certamente. Aelin pediu a quem quer que intercedesse por ela, que jamais fizesse algo para que seus filhos um dia a ignorassem assim.

Maliciosamente, Beron levou a atenção a Rhys, ainda alheio a Feyre, e depois, a Lucien, como se não fosse nada além de um estorvo.

— Anda fazendo caridade agora, Rhysand? — indagou.

O maxilar de Rhys estava tão contraído a ponto de quebrar. Suas narinas se dilataram. Feyre tomou a palavra pelo parceiro.

— Lucien é um membro de nossa Corte — isso fez Beron a notar. — Não admito que fale assim dele.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora