— Claro — foi a única coisa que Feyre respondeu.
Rhys estava imóvel a porta, posicionando-se entre Nestha e a passagem. A fêmea não tinha certeza se era proposital. Talvez fossem apenas os instintos aflorados de Rhys, que não conseguia desviar a atenção da parceira nem por um segundo, especialmente depois do que aconteceu. Que era, em grande parte, culpa de Nestha.
Ela engoliu o sentimento de derrota, engoliu o orgulho e a vontade de sumir. Estava ali para falar com a irmã e faria isso.
Os olhos violeta do Grão-Senhor a encararam longamente antes que ele mudasse a posição, cedendo um pouco para o lado, a fim de dar espaço para que passasse. Cogitou, por aquele segundo, se não haveria quaisquer outras formas de tentar impedir que ela avançasse.
Aparentemente, Rhys era um macho muito melhor do que a média. Seus instintos territoriais eram bem comportados e contidos por anos e anos de prática. Ele não a impediu conforme dava passadas breves e rápidas. Mas sua voz sussurrou algo para ela, algo que nem mesmo Feyre ouviu:
— Espero que não tenha vindo aborrecer mais a sua irmã.
Ela queria ter respondido. Dito que merecia essa. Dito que não poderia fazer isso de novo sem se tornar o monstro que sempre achou que fosse. Só que responder implicaria em desviar a atenção de Feyre e fazê-la notar o sutil e educado aviso do parceiro para Nestha. Não precisava disso, visto que sabia que Rhys tinha razão.
Ele passou para o outro lado, encostando a porta.
— Me avise se precisar de mim, Feyre querida — respondeu ele, da fresta. Nestha sentia como se cada palavra daquela fosse um aviso para si. — Estarei lá embaixo providenciando seu café.
Feyre deu um aceno breve com a cabeça.
— Tudo bem, obrigada, amor. — Então Rhys se foi, a porta se fechando com um clique.
O ar imediatamente se tornou rarefeito e Nestha não tinha certeza se respirava conforme lutava para manter o queixo erguido e a pouca dignidade que a restava.
As irmãs Archeron se observaram por um longo momento. A brisa que entrava da janela aberta era fresca, mas trazia um pouco do calor do verão que em breve os alcançaria. Os fios castanho-dourados de Feyre se agitaram e ela os acomodou atrás da orelha. Estava sentada na cama, acomodada por uma montanha de travesseiros com fronhas de seda branca. Usava um suéter fino e uma calça legging escura. Os pés estavam sem meias e a trança praticamente toda solta.
A expressão cautelosa de Feyre se prolongou e Nestha não teve coragem de se mover mais para perto. Entreabriu os lábios, mas as palavras ficaram presas na garganta.
— Por que não se senta? — sugeriu Feyre, cortando o silêncio como se fosse palpável.
Nestha correu os olhos pelo quarto. Havia uma cadeira na escrivaninha e uma espreguiçadeira longe da cama. Ótimo, pensou consigo. Ela seguiu para o divã, mas Feyre estendeu a mão e bateu para o espaço vazio em sua cama. Nestha parou, sopesando.
Particularmente não sabia o que seria mais apropriado. Feyre era sua irmã, não deveria se afastar mais do que tecnicamente já estavam.
Ela se aproximou da cama e sentou na beirada, onde Rhys tinha deixado vazio e remexido. Limpou a garganta, ignorando o clima tenso. Tensionou a mandíbula, a ponto de seus dentes doerem com a pressão. Seria mais complexo do que pensava. Abrir-se não era algo comum ou fácil.
Mas Feyre parecia paciente.
— Eu queria...— disseram as duas, ao mesmo tempo.
Feyre riu sem graça, gesticulando para Nestha.
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Corte de Fogo e Gelo
FanficE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...