Feyre só podia estar vendo coisas.
No dia seguinte ao que estavam, a semana que tinham combinado para tratar de tudo se esgotaria e, a última coisa que ela pensou que veria ao chegar na Casa do Vento era Rowan e Rhys conversando lado a lado, a beira da grande sacada.
A Grã-Senhora trazia Aelin consigo, depois da insistência da rainha de que queria voar com ela. As duas tinham passado a tarde conversando e discutindo estratégias, depois fofocando mais, até que ela confessou ter estapeado o mestre-espião de Feyre.
Caso fosse qualquer outra pessoa, ela teria vociferado. Mas tratava-se de Aelin, uma fêmea que tinha virado sua amiga e que estava apenas preocupada com seu amigo, Fenrys. Ela também entendeu com mais propriedade o quão ruim deve ter sido para Rhys quando ela sumiu assim que descobriu da parceria.
Fenrys pareceu tão desolado naquela noite, que ela mesma gostaria de ter estapeado seu mestre-espião, por mais que o amasse. Às vezes, as pessoas que amamos costumam fazer coisas burras. Era essencial que saber reconhecer e não minimizar o erro. Por outro lado, havia o que Feyre entendia bem: o fato de Fenrys ter escondido dele. Aquilo não era fácil de digerir. Ela mesma sentira na pele.
Considerando a quantidade de dias que os dois estavam foras e as vibrações que Aelin e Rhys receberam dos dois, tudo estava absolutamente bem. Mais do que bem, na verdade. O cabelo loiro da rainha bateu no rosto de Feyre e ela gargalhou:
— Agora eu entendi o que Rhys deve sentir quando meu cabelo atrapalha sua visão — brincou.
Aelin beliscou o ombro dela de leve.
— Por que não procura outra pessoa para chatear? — indagou ela, também jocosamente.
— Tenho você para isso — respondeu. — Não preciso de mais.
O vento ressoou nos ouvidos das duas e Aelin xingou ao ver cena de Rhys e Rowan conversando.
— Estaria eu delirando ou são nossos parceiros no mesmo ambiente sem se matarem? — Perguntou-se.
Feyre olhou para a rainha.
— Talvez seja o efeito da tensão causada por "aguardar a resposta dos Grão-Senhores" — sugeriu.
Naquele momento, os dois machos perceberam as duas, conforme Feyre acelerava em direção a varanda. Rhys mantinha um sorriso torto, mão dentro dos bolsos, enquanto Rowan estava de braços cruzados e inexpressivo.
As duas pousaram e ela soltou Aelin, que ficou de pé graciosamente enquanto caminhava para Rowan e passava os braços envolta de seu corpo. Os dois se desentenderam depois que ele contou o segredo de Helion e Lucien; Feyre e Aelin precisaram separar Rowan e Rhys, com a ajuda de Cassian e Lorcan, ou certamente teriam se matado. Ainda haveria tempo para lembrar essa história, e ela certamente o faria.
No presente, apenas agradecia pelos dois não terem começado a brigar, ou seria catastrófico. Helion ter ido embora com Mor, Aedion e Lys ajudou no alívio da tensão.
— E aí? Planejando a morte lenta um do outro? — indagou Aelin, provocante.
Rowan soltou um ronronado.
— Se eu tivesse planejado, ele já estaria morto — o olhar predatório e verde se desviou para Rhys, que piscou abusadamente para ele.
— Nos seus sonhos, príncipe — retrucou Rhys, quando Feyre o abraçou.
Feyre deu um grunhido baixo.
— Parem os dois — ordenou. — Não quero essa palhaçada em minha casa.
Aelin fez uma reverência para a amiga, piscando.
— E ai de vocês se não obedecerem a ela — acrescentou Aelin.
— Eu nem pensaria nisso, Feyre — disse Rowan, respeitosamente.
Ele sempre era doce e educado com ela, enquanto que com Rhys, faltava pouco o jogar do ponto mais alto da Casa do Vento.
— Nem eu, Feyre, querida — disse Rhys, beijando o topo da cabeça dela.
— Certo — concordou ela, desconfiada. — Podemos saber o que fazem aqui?
— Esperando Cassian e Lorcan, para bolar o plano de contenção — respondeu Rhys, simplesmente.
Feyre e Aelin trocaram olhares.
— Fale nossa língua, Rhys — pediu Aelin, com falsa doçura.
— Quando uma parceria é consolidada — adiantou-se Rowan —, já é suficientemente difícil para um macho segurar os instintos que o obrigam a proteger sua fêmea.
A rainha gesticulou para que ele continuasse.
— Então, quando a parceria se faz com dois machos, não é como se um deles fizesse o papel de fêmea tranquila — explicou o príncipe. — Em resumo, amanhã receberemos dois machos recém-parceiros, com os instintos a flor da pele e vontade de bater em qualquer um que olhe para seu parceiro.
— E não é como se Fenrys e Azriel fossem machos comuns. Os dois são poderosos e podem ficar selvagens — emendou Rhys. — Precisamos tirá-los daqui no instante que aparecerem, ou vão querer bater em todo macho que olhar minimamente para eles. Pensei nas florestas illyrianas, onde é vazio.
Aelin revirou os olhos.
— Machos e suas estupidezes — e suspirou.
Feyre mordeu os lábios para conter o riso.
— Aelin, Elide e eu podemos assistir?
— Elide está gravida. Vai ficar em choque, coitada — respondeu Aelin, rindo. — Mas eu topo.
— Talvez tenha razão. Vamos deixá-la com Elain — Feyre disse, sentindo a brisa da tarde lhe balançar o cabelo suavemente.
Aelin concordou com a cabeça e deu um sorriso maldoso ao dizer:
— Isso vai ser divertido.
***
Bônus de hoje, corações de fogo. Até o próximo capítulo :)
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...