Os ventos gélidos diziam que o inverno agraciaria a guerra. Como da última vez.
Aelin escutou o uivar agressivo.
Estavam há duas semanas naquele acampamento, e, em algum momento, as coisas começariam a acontecer.
Poucos metros abaixo da elevação que estava, tropas e mais tropas ocupavam o grande campo rodeado pela floresta.
Na noite anterior, o restante dos exércitos tinha chegado.
Sartaq, Ansel e toda realeza do kaganato tinha respondido ao chamado. Galan e a prima de Rowan também. Os números tinham diminuído devido a última guerra, mas ainda era bom. Era bom revê-los, mas não naquelas circunstâncias. Pelo que soube, Sartaq e Nesryn tiveram um lindo filho, que havia ficado para trás, junto a Nesryn. Quando perguntado, Sartaq apenas dissera: "Não podíamos arriscar".
O silêncio que veio depois foi o bastante para concluírem: Arriscar que a criança crescesse sem ambos os pais.
No caso de Aelin e Rowan, não tinham a mesma escolha, o que era uma merda.
Mas estavam todos reunidos, enfim. Agora, era esperar.
Quando e onde. Eram as respostas que não tinham.
Mensageiros chegavam a cada dia, com atualizações sobre os exércitos que Aengus movia das Estepes Illyrianas.
Milhares eram como os brutamontes mutantes que enfrentraram no antigo palácio do pai de Rhys. Eles valiam mais do que muitos soldados, o que era ainda mais preocupante.
Seus pés doíam e a rainha imaginava quando Aengus daria o primeiro passo. Um pressentimento profundo tomava conta dela, sobre os dias que se seguiriam, sobre a vida que crescia em seu ventre.
Feyre estava igualmente barriguda, ambas até mediam e brincavam sobre quem estava maior. Rowan e Rhys tinham virado dois desgraçados ainda mais territoriais, mal deixando seus lados.
Ali, naquela pequena colina com vista para os exércitos, era um dos poucos momentos de paz da jovem rainha.
Havia um peso diferente ao lado de seu corpo agora. Uma que Fenrys, Manon, Dorian e os outros trouxeram de Terrasen. Uma espada poderosa e antiga como a criação do mundo, jazia na lateral do corpo da rainha, envolto em veludo escuro e uma bainha repleta de encantamentos para controlar seu poder. Aelin ainda não tinha empunhado a espada, mas a estudava toda noite com Amren, como Rhys fazia com a lança que quase tirou a vida de Feyre.
Eram poderes maiores do que os que possuíam. Eram a própria criação.
A rainha deu um suspiro longo quando o vento trouxe algo carregado, atiçando seus sentidos.
Sua barriga estava enorme. Mesmo naquele corpo imortal, seus movimentos ficaram mais lentos, os tornozelos se tornaram maiores, bem como as bochechas constantemente rosadas.
Ela desejava que tudo tivesse eclodido antes do bebê, mas não teria essa chance. Não teria essa sorte.
Acariciando a barriga de 10 meses, Aelin não se permitiu ter medo, ainda que fosse inevitável.
Por sua família.
Pelo bebê em seu ventre que, se a visão de futuro estivesse correta, seria menina. E Aelin acreditava nisso, piamente. Sabia.
No céu claro, ela pôde ver quando uma figura tentou ultrapassar os escudos infalíveis dos poderes de Rhys e Rowan combinados.
A movimentação no grande campo foi instantânea, a floresta tinha um tom amarrozado e sofria com o inverno que os alcançava. Do outro lado das montanhas, estava o campo de guerra. Atrairiam Aengus para eles, isso podiam fazer.
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Corte de Fogo e Gelo
FanfictionE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...