Capítulo 46- Um passo em falso

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Tamlin correu os olhos pelo círculo, preguiçosamente.

Aquele infeliz, que queimasse pelas chamas de Thuata.

Feyre continuou imóvel enquanto ele andava em direção a Aelin. Rhys estava entre as duas, como uma montanha de poder e músculos, pronto para saltar da frente de uma ou de outra. Rowan, do outro lado de Aelin, não era muito diferente. Aquele poder antigo e imortal fazendo ondas atravessarem o vento, como avisos a Tamlin, para que sequer tentasse alguma coisa.

Ele deu mais um passo, parando diante de Aelin. Os olhos verdes tempestuosos se assomavam a tensão da sala. Até mesmo os músicos diminuíram os sons dos instrumentos que tocavam.

— Presumo que seja um Grão-Senhor — disse Aelin, entediada e empertigada.

Os lábios de Tamlin se abriram em um sorriso de pura malícia. Ele parecia amar o fato de ser odiado.

— Tamlin, majestade — ele fez uma reverência um tanto quanto debochada. — Grão-Senhor da Corte Primaveril.

Ah — respondeu ela, demonstrando pouco interesse. Aelin parecia aguardar por aquele momento, como parecia ter percebido que aquele era o ex de Feyre, a julgar como seu humor se transformara em algo afiado e volátil. Assim, ela estendeu a mão a Tamlin, tédio visível nos olhos. O macho contraiu a mandíbula. Estivera ignorando qualquer um que não fosse Aelin. Rowan parecia a ponto de voar nele. — Ande logo, estou com câimbras já — disparou e indicou a mão estendida com um balançar.

Do outro lado da roda, Helion mordia os lábios com força, a fim de segurar o riso.

Com uma relutância que claramente era envolta em ódio, Tamlin pegou a mão de Aelin e a beijou. Rowan parecia nem respirar, Rhys também não. Depois, ele se voltou a Manon, que desta vez, havia libertado todas as unhas de ferro, quando Tamlin pegou sua mão e se inclinou para a beijá-la no dorso.

Se ele percebeu que aquilo era uma ameaça de morte caso saísse da linha da bruxa mais mortal da história, não pareceu notar ou se importar, ao se levantar e olhar para a comitiva, ainda ignorando Feyre e Lucien, como se fossem nada além de vento.

Aelin inclinou mais o queixo. Ela tinha a habilidade de encarar as pessoas de cima.

— Não esqueceu alguém? — perguntou ela.

Tamlin deu uma piscada, apenas uma. Era o máximo de surpresa e irritação que demonstraria.

— Como disse? — perguntou ele.

Feyre conhecia aquele tom, sabia que agressividade ele escondia e lutou contra a vontade de se encolher diante das lembranças que a alcançaram.

— Ora, eu e Manon não somos as únicas rainhas aqui — respondeu, insolente. — Ou por acaso você não enxerga a Grã-Senhora ao lado?

Ódio poderia ter contraído as feições de Tamlin, mas não o fizeram. Um grunhido curto saiu de sua garganta no lugar.

— Aelin nada... — disse ela, para Rowan. Eles deviam estar conversando pelo laço, considerando que Rowan mal se movia. Mas ela tinha feito questão de dar a resposta em voz alta. — Feyre merece reverência e cumprimento tanto quanto eu ou Manon. Viviane também. Não tolero tal despeito diante de uma pessoa que salvou a todos vocês — ela olhava diretamente para Tamlin quando disse aquilo.

Pela Mãe, murmurou Rhys, tenso. Ela quer mesmo humilhar Tamlin.

Feyre mal conseguiu responder: Sim, quer.

Estou adorando cada segundo. Por mim, ele beijaria seus pés, não a sua mão, disse Rhys, o desprezo claro no timbre.

— Não seja um macho orgulhoso, Tamlin — interrompeu a voz de Helion, calma como a de uma serpente antes do bote.

Corte de Fogo e GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora