Tamlin correu os olhos pelo círculo, preguiçosamente.
Aquele infeliz, que queimasse pelas chamas de Thuata.
Feyre continuou imóvel enquanto ele andava em direção a Aelin. Rhys estava entre as duas, como uma montanha de poder e músculos, pronto para saltar da frente de uma ou de outra. Rowan, do outro lado de Aelin, não era muito diferente. Aquele poder antigo e imortal fazendo ondas atravessarem o vento, como avisos a Tamlin, para que sequer tentasse alguma coisa.
Ele deu mais um passo, parando diante de Aelin. Os olhos verdes tempestuosos se assomavam a tensão da sala. Até mesmo os músicos diminuíram os sons dos instrumentos que tocavam.
— Presumo que seja um Grão-Senhor — disse Aelin, entediada e empertigada.
Os lábios de Tamlin se abriram em um sorriso de pura malícia. Ele parecia amar o fato de ser odiado.
— Tamlin, majestade — ele fez uma reverência um tanto quanto debochada. — Grão-Senhor da Corte Primaveril.
— Ah — respondeu ela, demonstrando pouco interesse. Aelin parecia aguardar por aquele momento, como parecia ter percebido que aquele era o ex de Feyre, a julgar como seu humor se transformara em algo afiado e volátil. Assim, ela estendeu a mão a Tamlin, tédio visível nos olhos. O macho contraiu a mandíbula. Estivera ignorando qualquer um que não fosse Aelin. Rowan parecia a ponto de voar nele. — Ande logo, estou com câimbras já — disparou e indicou a mão estendida com um balançar.
Do outro lado da roda, Helion mordia os lábios com força, a fim de segurar o riso.
Com uma relutância que claramente era envolta em ódio, Tamlin pegou a mão de Aelin e a beijou. Rowan parecia nem respirar, Rhys também não. Depois, ele se voltou a Manon, que desta vez, havia libertado todas as unhas de ferro, quando Tamlin pegou sua mão e se inclinou para a beijá-la no dorso.
Se ele percebeu que aquilo era uma ameaça de morte caso saísse da linha da bruxa mais mortal da história, não pareceu notar ou se importar, ao se levantar e olhar para a comitiva, ainda ignorando Feyre e Lucien, como se fossem nada além de vento.
Aelin inclinou mais o queixo. Ela tinha a habilidade de encarar as pessoas de cima.
— Não esqueceu alguém? — perguntou ela.
Tamlin deu uma piscada, apenas uma. Era o máximo de surpresa e irritação que demonstraria.
— Como disse? — perguntou ele.
Feyre conhecia aquele tom, sabia que agressividade ele escondia e lutou contra a vontade de se encolher diante das lembranças que a alcançaram.
— Ora, eu e Manon não somos as únicas rainhas aqui — respondeu, insolente. — Ou por acaso você não enxerga a Grã-Senhora ao lado?
Ódio poderia ter contraído as feições de Tamlin, mas não o fizeram. Um grunhido curto saiu de sua garganta no lugar.
— Aelin nada... — disse ela, para Rowan. Eles deviam estar conversando pelo laço, considerando que Rowan mal se movia. Mas ela tinha feito questão de dar a resposta em voz alta. — Feyre merece reverência e cumprimento tanto quanto eu ou Manon. Viviane também. Não tolero tal despeito diante de uma pessoa que salvou a todos vocês — ela olhava diretamente para Tamlin quando disse aquilo.
Pela Mãe, murmurou Rhys, tenso. Ela quer mesmo humilhar Tamlin.
Feyre mal conseguiu responder: Sim, quer.
Estou adorando cada segundo. Por mim, ele beijaria seus pés, não a sua mão, disse Rhys, o desprezo claro no timbre.
— Não seja um macho orgulhoso, Tamlin — interrompeu a voz de Helion, calma como a de uma serpente antes do bote.
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Corte de Fogo e Gelo
Hayran KurguE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...