— Onde estavam com a merda da cabeça?! — berrou a rainha de Terrasen.
Suas mãos estavam na cintura, havia aquele formigamento em sua nuca, indicando quão tensa e cansada estava por ter incinerado todas aquelas criaturas. O carpete da sala de jantar da Casa do Vento havia se tornado salpicadas pegadas escuras e chamuscadas, decorrentes de onde a rainha pisara com raiva. Diante dela, estavam Rhysand e Rowan. Um com as mãos no bolso e outro de braços cruzados e olhar atento. Ambos quietos. Ambos ouvindo. Feyre estava encostada a beira da mesa, uma perna descansando em cima da outra. Havia mais pessoas na sala.
Dorian de pé ao lado da cadeira de Manon, que encarava as mãos sem realmente as enxergar. Sangue azul e seco estava agarrado debaixo das unhas, agora de garras retraídas. Ela não tinha dado nenhuma palavra desde que fugiram do refúgio de Aengus. Cassian estava quieto também, bebendo uma garrafa de vinho no gargalo, dividindo-o, curiosamente, com Nestha ao lado, conforme faziam a bancada que circundava a adega de encosto.
Os demais apareceram ao ouvir os gritos de Aelin para aqueles dois machos estúpidos. Elide, Mor, Amren e Lys estavam sentadas em cadeiras da extensa mesa. Aedion e Gavriel optaram por ficar de pé, bem como Lorcan, que parecia se divertir em ver Whitethorn levando um sermão em público.
— Ele me mandou uma mensagem. Disse para ir sozinho e levar Rowan — justificou-se Rhys, calmamente.
Graças aos malditos deuses, Feyre não parecia ligar que Aelin desse o esporro pelas duas, apesar de acrescentar detalhes e adjetivos ofensivos vez ou outra.
— E você acreditou, gênio? — vociferou ela, arregalando os olhos turquesa. — Vocês dois foram imprudentes.
— E idiotas — acrescentou Feyre, prontamente.
— Podiam ter morrido — continuou Aelin. — Por causa do ego de macho poderoso que acha que pode lidar com todas as porras que aparecem no caminho.
— E ainda me levariam junto — disse a Grã-Senhora, encarando o parceiro.
Aelin se lembra de Feyre ter contado uma vez sobre ter um acordo com Rhys de morrerem juntos. Com o advento da criança, e a julgar pelo olhar de repreenda da fêmea ao parceiro, ela não temia apenas por Rhys, mas seu filho crescendo no ventre.
— Se não tivéssemos a ligação de parceria e Thuata para farejar e diminuir a busca, vocês poderiam ter morrido! — repetiu Aelin, ignorando a pele pelando como a boca de um vulcão.
Lembrava da última vez que liberara seu poder contra um exército de ilkens. Desta vez, mesmo em escala menor, foi como se liberasse a mesma coisa. Ou mais. Era como se tivesse mais poder dentro de si do que antes de perde-los.
— Já disse isso, Coração de Fogo — respondeu Rowan, um tom de voz neutro. — O que queria que fizéssemos? Arriscar levar vocês e tudo virar uma merda?
Ela abriu os braços.
— Virou uma merda! Vocês estavam cercados quando chegamos — lembrou ao parceiro.
— Tínhamos o controle da situação — blefou Rhys, descaradamente.
— Você já mentiu melhor, querido — argumentou Feyre. Seu tom distante indicava que ela estava muito, muito zangada.
Mas, diferente de Aelin, que precisava gritar, brigar e libertar a fúria, Feyre a aguardava para si, deixando que a corroesse dia após dia, até que explodisse num súbito.
— Você não é a única que deve se sacrificar, Aelin — disse Rowan, a voz menos constante agora. Seus olhos pinho brilhavam de tristeza, como se revivessem os momentos em que Aelin quase morrera, diversas e diversas vezes.
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Corte de Fogo e Gelo
FanficE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...