A floresta estava silenciosa. Não havia nada em um raio de cinco quilômetros adentro. Rhys começava a achar que aquela era sim uma péssima ideia. Mas haveria de ter outra? O bilhete tinha sido claro. Não era um blefe. E Aengus era poderoso o bastante para sentir caso tivessem levado companhia.
Ele esperava no que poderia ser considerado uma clareira, na floresta mais sombria das Estepes Illyrianas. Não existia um local mais apropriado para um deus sombrio, ou mais óbvio, considerando a energia antiga.
Um clarão de luz irrompeu ao seu lado e Rowan se fez visível, silencioso como um predador.
— Nada — disse o macho, olhando para o mísero raio de sol da tarde que atravessou a densa folhagem das árvores, batendo em seus cabelos prateados, deixando-os transparentes.
Os olhos verdes atentos desviaram para Oeste, em direção as ruínas do antigo palácio, não visíveis de onde estavam.
— Talvez para lá — sugeriu ele, conciso.
Rhys fez uma careta desanimada.
Aquele lugar...odiava aquele lugar.
Desde pequeno, a mãe o alertara sobre os perigos daquela floresta em especial. Ainda sentia arrepios na espinha somente em cogitar o que encontrariam ali, por mais poderoso que fosse. Memórias infantis podiam mesmo intensificar o mal pressentimento que o assolava por dentro.
Fazia horas que estavam na busca, não necessariamente contundente. Afinal, o que Aengus possuía que ele queria? A não ser que já estivesse em posse de alguma das relíquias. Esperava que não fosse a maldita Pedra. Na manhã daquele dia saiu cedo, deixando um bilhete para Feyre dizendo que iria cuidar de uns assuntos e poderia demorar. Acordou Rowan, que o xingou avidamente pelo feito, e o mostrou o bilhete na varanda principal da Casa do Vento.
— Por que ele quer que você me leve? — indagara, desconfiado, a pele bronzeada do cenho franzida. — Não faz sentido para mim.
— Nem para mim — admitira Rhys.
De fato, por que Rowan e não Aelin, já que é uma das herdeiras dos irmãos de Aengus?
Mesmo assim, Rowan não hesitou ao se preparar e sair com ele no minuto seguinte. Já era o fim do dia quando pararam no local mais sinceramente calmo da longa extensão de mata fechada — a exceção da área desmatada ao redor das ruínas.
— Para as ruínas — ele estendeu o braço, indicando o caminho.
Os dois eram rápidos e silenciosos como penas ao tocar o chão. Os cinco quilômetros não eram nada e haviam concordado em inspecionar por terra. Era mais seguro, chamaria menos atenção.
— Vamos assumir que ele apenas esteja curioso sobre quem é o macho poderoso e lendário, e parceiro de Aelin — comentou Rhys, ao desviar de teias de aranha grossas demais para terem sido feitas por um animalzinho pequeno.
Rowan não desviou o olhar adiante, o machado cortando o mato. Nenhum som passava por sua barreira de ar.
— A não ser que Aengus tenha interesse em machos, você quer dizer — ironizou, com um sorriso repuxando o canto de sua boca, a tatuagem na lateral do rosto oscilou. — Eu não consigo pensar em motivos mais fúteis que esses.
Rhys parou de andar.
— Hey — chamou atenção. Rowan o olhou por cima do ombro. — Meu motivo é bom o bastante.
O macho deu uma risada baixa.
— Continue se iludindo, Grão-Senhor.
O restante do caminho se deu em silencio, à medida que chegavam perto das construções. Quando finalmente se interromperam a borda da clareira, Rowan ficou hipnotizado por aquele que um dia fora um castelo-templo, não tão grande, mas bonito. No passado, possuía duas torres nas laterais, uma varanda principal, um portão de entrada oval e uma terceira torre, aos fundos, bem mais alta, onde ficava os aposentos do avô de Rhys. Tudo não passava de pedras e ruínas agora. Janelas quebradas, portas escancaradas com madeira podre.
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Corte de Fogo e Gelo
FanficE se Aelin Galathynius e cia visitassem a Corte Noturna? E se, após longos anos de desconhecimento e guerra em seus mundos, ambos descobrissem que habitam continentes no mesmo oceano? E se, em um belo dia, o tão aguardado encontro entre o mundo de T...