Capítulo 5 – Tigre! Tigre! – 1ª parte
The Tiger (poema) de William Blake
Tigre! Tigre!
Echo
Ao acordar com um bocejo, estiquei meus braços e pernas para fora das extremidades do meu saco de dormir sem zíper, puxando-os de volta quando o frio me causou arrepios. Normalmente eu não acordava até a tarde, já que nós estávamos todos praticamente noturnos agora, entretanto o horizonte era um laranja pálido, e o ar puro ainda tinha o frio do amanhecer. Então ouvi o barulho de cascalho vindo de algum lugar fora do meu local de dormir, um passo suave no meu telhado.
De vez em quando o grupo ficava com muita fome para esperar o café da manhã e, geralmente, Halsten vinha me buscar antes que alguém pudesse comer minha porção. Houve outro passo silencioso. Às vezes ele achava divertido me assustar para que eu não dormisse. Empurrei as cobertas para longe de mim e me levantei, tropeçando cansadamente para fora de minha barraca enquanto avisava Halsten que o escutava.
— Se você tentar me assustar de novo, eu juro por Deus...
Parei no meu caminho e, antes que eu pudesse pronunciar outra sílaba ou tentar correr, um Biter se lançou sobre mim. Ele me atingiu com tanta força que derrubou nós dois, e eu derrapei pela superfície rochosa alguns metros com a criatura em cima de mim. Joguei minhas mãos contra seus ombros, empurrando-o para trás enquanto ele lutava contra mim furiosamente, estalando os dentes, com a saliva a pingar ao ver minha carne, com água na boca.
Foi tão inesperado que no meu estado de vigília entrei em pânico, concentrando-me apenas em tentar manter minha pele longe de suas mandíbulas. Agora estava acordada, meu coração bombeava descontroladamente adrenalina em minhas veias. Minha faca e minha arma ainda estavam na barraca e eu nem tinha calçado os sapatos ainda. Tudo que tinha para me defender eram meus punhos. Eu tive sorte que essa coisa era apenas uma fêmea e era pequena o suficiente para que eu pudesse mantê-la longe de mim.
Tirei uma das mãos dos ombros do Biter somente o tempo suficiente para acertar meu punho em suas costelas. Bati na coisa o mais fortemente que pude, mas além de soltar um rosnado furioso ela parecia não reparar, bastante decidida a tentar se alimentar de mim. Bati de novo, entretanto, quanto mais eu irritava o Biter, mais perto seu rosto parecia chegar do meu. Ele estava a me arranhar com selvageria e, com o próximo toque de sua mão, suas unhas fizeram um corte contra a parte superior do meu peito, exposto pelo corte baixo da minha camiseta.
Soltei um grito dolorido e, dessa vez, agarrei o Biter pelo pescoço. Ao mesmo tempo em que eu usava toda a força que conseguia extrair de um braço eu torcia meu corpo, jogando a coisa ameaçadora para bem longe de mim. Levantei-me, indo apressadamente à minha barraca enquanto o Biter permanecia de pé, com um rugido irritado.
Eu procurei minha arma e, quando a peguei, caí de costas, ao efetuar dois disparos no exato instante em que o Biter me atacava uma vez mais. Ele caiu, deslizando até parar sobre a superfície do telhado.
Não esperei para recuperar o fôlego. Eu sempre afastava minha ponte à noite, então preocupada que o Biter tivesse de alguma forma conseguido passar pela porta de acesso ao telhado, saí em disparada em direção à porta, com a finalidade de batê-la com força, antes que qualquer outro pudesse aparecer. Mas a porta do prédio abaixo de mim estava bem fechada, como sempre. Foi quando ouvi risadas vindas do prédio ao lado.
Decker estava curvado, apertando o próprio estômago porque ria muito. Quinn estava dando tapinhas em suas costas com um sorriso no rosto, enquanto Blaze tinha as mãos sobre a boca. Eles pegaram uma ponte de outro telhado e soltaram aquela coisa em mim. Decker estava por trás de toda a ideia, eu sabia disso.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
General FictionHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...