Caronte Atraca À Luz Do Dia

21. Capítulo 6 - Zumbis Comeram Meus Vizinhos - 2ª parte.

Capítulo 6 – Zumbis comeram meus vizinhos – 2ª parte

Dugan

Pelas janelas da torre e pelo que eu podia ver à noite, não havia nenhum Feral a perambular por ali, porém nunca poderíamos ter certeza. Quando nós chegamos ao final da escada, esperei mais um minuto para que meus olhos se ajustassem completamente à escuridão e, em seguida, abri a porta para o lado externo, cautelosamente espreitando ao colocar minha cabeça para fora de maneira cuidadosa. Não havia Ferais à vista, então eu saí, agora segurando meu rifle a postos.

Kara tinha tanta prática com o silêncio que nem a ouvi fechar essa porta, e eu olhei para trás por cima do meu ombro apenas para ter certeza de que ela o tinha feito. Seguimos em linha reta pela abertura da rodovia, sacrificando a cobertura pela capacidade de enxergar em todas as direções. A adolescente caminhava ao meu lado, porém, tudo nela estava em completo silêncio. Ela caminhava com uma leveza fantasmagórica, sua respiração era suave e ainda não tinha me dito nada. Era quase mais solitário do que se eu estivesse sozinho, e eu só consegui suportar isso nos primeiros vinte minutos de nossa viagem pela rodovia.

— Nós temos que pegar água — eu finalmente disse em um murmúrio, ainda mantendo meus olhos e ouvidos atentos para problemas de ambos os lados. — E precisamos encontrar uma arma para você.

Kara virou-se para verificar atrás de nós, respondendo enquanto girava de volta. — Meu grupo tinha armas. Não sei se ainda há Banshees por perto, mas não é muito longe da cidade. — Eu sabia o que ela estava oferecendo, no entanto, quando em minha reflexão eu não disse nada, ela acrescentou: — Eu posso levar você lá.

Ao avaliar a situação, vi dois riscos imediatos para sua oferta. Primeiro, poderia muito bem haver Ferais por perto, mas eu poderia lidar com eles. O que eu ainda não tinha certeza era o quanto eu poderia confiar em Kara.

Até onde eu sabia seu grupo ainda poderia estar vivo, e isso poderia ser alguma manobra elaborada para atrair otários como eu para uma armadilha. Se havia uma coisa que eu tinha aprendido ao longo dos anos era que todos eram suspeitos, mesmo meninas de quinze anos de aparência mansa. No entanto, as armas eram cruciais. Outra arma seria algo bom, e eu estava procurando uma faca adequada há algum tempo, desde que o cabo da minha última quebrou. Para mim, valeria a pena correr o risco.

— Tudo bem — concordei depois de considerar isso.

Durante mais vinte minutos tentei pensar em outra coisa para dizer, no entanto não conseguia refletir muito por conta do novo medo que pairava em minha mente. Agora que eu considerava isso mais de perto, a probabilidade de que estivesse a seguir Kara para uma armadilha parecia crescer. Por que ela não tinha uma única arma?

Ela claramente sabia como usar uma, visto que salvou minha pele e atirou no Feral quando eu a trouxe para fora do prédio. Se ela fosse minha filha, eu lhe daria uma arma sem hesitar. E ela havia concordado em vir comigo tão facilmente. Mesmo que não tivesse mais ninguém, eu era um homem de meia-idade que se ofereceu com bastante entusiasmo para escoltá-la para o leste, isso não deveria ter sido suspeito para ela? Ou pelo menos intimidante?

Nós estávamos a apenas um ou dois quilômetros da cidade agora, mas quando Kara desviou para a lateral da estrada eu parei. Ela caminhou até uma placa de rua quebrada, onde o topo do poste de metal havia sido arrancado até um ponto, e cerca de meio metro abaixo dele estava dobrado ao meio. Ela olhou ao redor para se certificar de que a área era segura e, em seguida, ajoelhou-se sob o poste dobrado, envolvendo-o com as mãos em torno dele e dando um puxão repentino nele. Então, ela usou toda a força de suas pernas para tentar forçá-lo para cima, puxando-o novamente para baixo um momento depois. Eu provavelmente deveria ter ido e a ajudado, porém fiquei muito intrigado com o que ela estava tentando fazer.