Capítulo 24 – Único Jeito de Ser – 1ª parte
To Let Myself Go de Ane Brun
Único Jeito de Ser
Dugan
— Qual é o plano? — Kara perguntou em um sussurro. Ela olhou para sua tigela quase vazia de ensopado de legumes e, em seguida, colocou-a na frente do grande cachorro de Van, que estava a esperar ansiosamente desde que nós começamos a comer.
Inclinei-me o suficiente para olhar para a entrada improvisada da sala seccionada em que nós nos encontrávamos, verificando se ninguém estava a escutar. — Em algum momento vou tentar atrair Van — eu respondi em um murmúrio. — Quando eu fizer isso, você pode tentar obter informações de Namiko. — Kara assentiu com satisfação, no entanto, apesar de sua intuição de caráter, eu não tinha certeza se ela tinha a experiência necessária de saber exatamente como lidar com alguém na situação de Namiko. — Tente ser gentil com ela, mas fique atenta.
— Eu vou ficar — garantiu Kara.
Vendo que nós tínhamos acabado de comer, comecei a vasculhar nosso saco cheio de comida para contar o quanto nos restava. No entanto, o número de latas que restavam parecia menor do que eu me lembrava, como se algumas estivessem a faltar.
Kara notou a expressão confusa no meu rosto quando comecei a contar uma vez mais, porque ela indagou: — O que há de errado?
— Você adormeceu durante seu turno? — Perguntei, sabendo que não tinha me afastado durante o meu. Kara balançou a cabeça em negação. — Acho que falta parte da comida.
Ela deve ter sabido que eu estava desconfiado de Van, porque ela se inclinou como eu tinha feito um minuto antes, a olhar para a entrada.
Houve um momento no início dessa manhã em que nós tínhamos deixado a sacola com os alimentos sozinha nessa sala para nos sentarmos à mesa de jantar e assistirmos a um filme na televisão de Van, no entanto eu me mantive de olho em seu paradeiro o tempo todo.
Ele não tinha entrado nesse cômodo uma única vez. Pensando que eu apenas deveria ter ficado confuso, levantei-me, sabendo que, mesmo que as coisas estivessem tensas e que Van fosse assustador, nós teríamos que ficar por aqui para que eu pudesse encontrar minha oportunidade de deixar Kara sozinha com Namiko.
Entrei na sala central com Kara logo atrás de mim, no entanto, quando chegamos lá, congelei em meus rastros. Van estava sentado para seu café da manhã – com uma tigela agradável e quente de nosso ensopado de moluscos. A lata vazia ainda estava pousada ali mesmo na mesa.
Parecia uma violação tão flagrante que meu primeiro instinto foi ficar furioso. Porém ele não fez nenhuma tentativa de esconder o fato, nem sequer nos deu um olhar de reconhecimento, como se não houvesse nada de errado com aquilo.
A audácia da situação me deixou em completo choque, e tudo o que consegui fazer por praticamente um minuto foi ficar ali a olhar. Depois senti uma leve traição, porque sabia que era Namiko que tinha entrado na sala e levado algumas de nossas latas.
No entanto, esse sentimento foi fácil de afastar quando pensei no fato de que ela não tinha escolha. Van provavelmente a teria espancado se ela se recusasse a nos roubar.
Kara foi a primeira a se recuperar de um choque igual e respirou fundo, como se estivesse se preparando para tornar sua raiva conhecida. Quando ouvi a inspiração dela, coloquei a mão sobre sua boca para detê-la, e ela soltou a respiração com relutância.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficción GeneralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...