46. Capítulo 14 - Não Quero Jogar - 1ª parte

21 5 47
                                    


Capítulo 14 – Eu Não Quero Jogar – 1ª parte


Enemies de Hannah Georgas (remix de WE SINK)


Eu não quero jogar


Echo


Flashback on – quatro anos antes


Levantei-me para sair da pequena casa na qual o nosso grupo estava hospedado agora, passando entre a cozinha e a sala de estar para chegar à porta da frente. Durante a última hora eu descansava em um quarto próximo, à espera de que Victor saísse da área principal para que ele não me visse partir. Agora eu não podia esperar mais, e decidi que precisava dar um jeito de sair. Eu mal tinha alcançado a maçaneta quando ele me impediu.

— Echo — ele chamou da mesa dobrável onde estava jogando pôquer com alguns dos outros caras. — Para onde você vai?

— Sair — eu respondi impaciente, já ansiosa para chegar ao lugar que pretendia ir. Na minha insensatez e irritação, quase cocei meu pulso onde havia uma tatuagem recém-curada, no entanto me detive na hora certa, grata por ter evitado a dor que resultaria em minha coceira.

Ele acenou para tentar me persuadir. — Vem cá, jogue com a gente.

— Vou à procura de suprimentos, Victor — disse-lhe, olhando dele para os outros rapazes à mesa e, em seguida, para os copos de álcool à frente deles.

— Então deixe-me ir com você — falou ele, levantando-se lentamente para não tombar.

— Você está bêbado. — Eu estava praticamente a bater o pé porque estava muito pronta para sair de casa. Eu já estava atrasada. — Fique aqui.

— Sim, fique aqui, Victor — disse outro rapaz chamado Martin. — Ela pode ter dezoito anos agora, mas ainda assim não vai foder você.

Victor se virou para mostrar o dedo do meio a Martin e, antes que ele pudesse se voltar para se dirigir a mim novamente, eu estava fora da porta. Caso ele decidisse tentar vir atrás de mim, eu corri para longe da casa, certificando-me de me manter pelas sombras caso houvesse algum Biter aleatório a vagar por ali.

Meu destino não estava longe, porém mesmo estando atrasada acabei por diminuir a velocidade, não querendo errar se isso pudesse significar a diferença entre a vida e a morte. Em pouco tempo, o setor habitacional para o qual eu estava indo veio à vista, e eu rastejei através do escuro para o quintal cercado da minha casa de destino.

— Valerie? — Eu sussurrei, ao andar na ponta dos pés através da longa grama perto da parede da casa, em uma tentativa de não fazer muito barulho. Eu estava prestes a chamá-la novamente, quando senti algo cutucar minhas costelas. Assustou-me o suficiente para que eu saltasse, e quando eu me virei, Valerie tinha as mãos sobre sua boca para não rir alto. — Jesus, Val — reclamei com leveza através de uma gargalhada minha enquanto colocava as mãos em seus quadris, e então a puxei para trás comigo até que meus ombros encontrassem a parede.

Seus lábios ansiosos estavam nos meus no segundo em que minhas costas tocaram a casa, porém ela se afastou um momento depois para provocar: — Você está atrasada.

Sempre nos encontrávamos em algum lugar em segredo quando nós nos juntávamos. Leon tinha me ensinado a lutar, e eu poderia me defender de qualquer um dos caras se eles descobrissem e decidissem me assediar sobre isso, no entanto Valerie ainda insistia em sair de fininho. Ela não queria que fosse mais difícil para mim com o grupo do que já estava. Às vezes eu só gostaria de poder facilitar as coisas para ela.

— Sinto muito — eu disse, dando-lhe um selinho apologético e sentindo minha excitação aumentar quando suas mãos nuas se conectaram com meu estômago. — Eu estava tentando evitar o Victor, ele não queria me deixar ir embora.

— Ele é um cretino.

Sua boca encontrou a minha novamente, e através da lateral dos meus lábios eu sussurrei com conhecimento de causa: — Você está me dizendo.

As mãos de Valerie não hesitaram em começar a trabalhar no botão da minha calça e, mesmo que seus lábios tentassem deixar os meus para que ela pudesse me responder, eu a segui, relutante em que aquilo acabasse, mesmo que por um segundo. — Eu odeio a maneira como ele olha para você.

— Eu sei. — Parei de tentar capturar os lábios dela e me afastei para estudá-la, para ver a antipatia em seu rosto. Tentei ser reconfortante empurrando carinhosamente seus cabelos atrás da orelha e, depois de passar o polegar sobre sua bochecha, dei-lhe um beijo profundo e longo. — Mas você não precisa se preocupar comigo — garanti em um murmúrio abafado.

— Eu costumava me preocupar — ela me disse, me olhando seriamente nos olhos, no entanto, um momento depois ela balançou a cabeça como se quisesse afastar o tom que nossa conversa havia tomado. Então, sem avisar, ela deslizou a mão entre minhas pernas, e quando soltei um gemido de satisfação, ela sorriu. — Ah, ah — ela repreendeu, claramente divertida enquanto tentava afastar o sorriso de seu rosto: — Pode haver mordedores por aí. Nem um pio.

Eu ri contra seus lábios enquanto ela me beijava novamente, e tentava ignorar a felicidade de seu toque enquanto eu invertia nossas posições e a pressionava contra a parede. — Vamos ver você ficar quieta então — eu desafiei brincando, deixando cair minha boca em seu pescoço enquanto minha própria mão passeava abaixo de sua cintura.

Eu mal tinha começado quando ela puxou minha boca para longe de seu pescoço para trazê-la de volta para a sua. — Deus, Echo, você está ficando boa demais nisso — ela sussurrou de maneira eufórica, inclinando a cabeça para trás depois de quase um segundo, como se não pudesse decidir se queria me beijar ou apenas me deixar trabalhar.

Eu sorri, plantando um selinho em sua bochecha e passando minha outra mão até seu peito. — Qual parte?

— Isso tudo — ela respirou, a última metade escapando através de um gemido suave.

— Ah, ah — eu disse a ela com um sorriso tímido. — Nem um pio, lembra-se? — Ela assentiu sem protestar e enrolou os braços com força no meu pescoço para que pudesse me beijar sem parar. Isso foi muito melhor do que ficar presa em casa.


Flashback off


***

Continua...

***

1031k

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora