Capítulo 48 – Paz de espírito – 2ª parte
Dugan
Assim que comecei a desacelerar o suficiente para estacionar o Hummer houve um estalo alto, um baque contra a parte de baixo do capô, e o barulho parou de repente. Não teria feito diferença se eu diminuísse mais a velocidade, porque depois disso o carro parou. Desliguei o motor e apaguei as luzes para não chamar mais atenção. Então esperamos, em silêncio e ouvindo. Por minutos nós permanecemos sentados ali, sem nada além do zumbido estridente das cigarras em nossos ouvidos. Quando nos sentimos seguros, nós três saímos do carro e Mal e eu abrimos o capô, enquanto Kara subiu em um pneu dianteiro para que pudesse segurar uma lanterna para nós. Eu me inclinei sobre o motor, ao olhar para baixo e tentando discernir, por entre as sombras escuras da luz insuficiente, qual era o problema.
— Aqui — fiz um sinal para Kara, e ela ajustou o feixe de luz para que estivesse a apontar para onde eu queria.
— Oh — murmurou Mal, ao mover-se para o meu lado para dar uma olhada melhor. — O cinturão em V. — Franzi as sobrancelhas para ela, imaginando se ela também tinha aprendido isso na TV. Ela sabia exatamente o que aquele olhar significava, pois deu de ombros despreocupada: — Meu ex-namorado era mecânico.
A correia do motor antigo estava completamente rasgada, presa nas engrenagens e impossível de ser consertada sem uma substituição. Não havia nada que nós pudéssemos fazer. E estávamos tão perto de Pittsburgh.
Soltei um suspiro e me afastei alguns metros do veículo. Meus braços se ergueram para que eu pudesse cruzar as mãos atrás da cabeça enquanto tentava pensar em uma solução, porém, esse tipo de alongamento machucou minhas costelas que ainda estavam a se recuperar, e eles caíram novamente.
— Sem uma peça nova vamos ter que andar — resmunguei, ao voltar para fechar o capô e apoiei os braços sobre ele.
— Isso é uma droga — reclamou Mal. — Você sabe há quanto tempo eu não ouvia música?
Ao perceber a escuridão, olhei em volta para procurar a luz e vi que Kara havia se afastado um pouco da estrada. — Ei — chamei com preocupação — fique por perto.
— Olhe — disse ela, ignorando-me para apontar o feixe de luz para algo na beira da estrada. Estava tão escuro que tive que me aproximar para ver o que era, e Mal seguiu ao meu lado. — Uma caixa de correio.
Fui até o início da estrada de terra ao lado da caixa de correio, apertando os olhos para tentar vislumbrar o que havia no final. Mesmo com a ajuda da lanterna de Kara, a casa estava muito longe para ser vista.
— Se há uma casa — sugeriu a menina — talvez haja um carro com a peça de reposição de que você precisa?
— Vale a pena dar uma olhada — concordei, ao dar-lhe um tapinha elogioso no ombro.
Fizemos uma viagem apressada de volta ao Hummer para pegar nossas mochilas e armas e, em seguida, começamos a descer a longa estrada. Enquanto Kara e eu estávamos equipados com nossas ferramentas de jardinagem e lanternas, Mal estava com seu arco casualmente em uma mão, uma flecha puxada e habilmente colocada na outra, pronta para mirar se necessário. Havia uma luz de arco acoplada à sua arma, mas, por enquanto, ela marchava ao lado dos feixes da minha lanterna e da de Kara.
A estrada em ambos os lados era ladeada por uma floresta esparsa e tão estreita que não podíamos dizer o quanto estávamos perto do fim até chegarmos a ele. Tratava-se de uma antiga casa de fazenda de dois andares, assustadoramente pálida contra a noite escura, exceto pelas janelas. As janelas pareciam estar fechadas com tábuas, não permitindo que a luz entrasse ou que saísse da casa. Ao lado, havia um pequeno celeiro ou uma grande garagem. Embora fosse impossível dizer qual dos dois pelo lado de fora, havia uma caminhonete velha sobre blocos de concreto parada do lado de fora da estrutura.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficción GeneralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...