109. Capítulo 36 - Preciso de Você Aqui e Agora - 2ª parte

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Capítulo 36 – Preciso de Você Aqui Agora – 2ª parte


Dugan

Não havia nada lá, entretanto, quando meu facho de luz chegou à cozinha, iluminou dois Ferais que dormiam. Apressadamente apaguei a luz, preocupado com a possibilidade de acordá-los. Em seguida, peguei Chrissie pelos ombros, levando-a para a segurança do canto perto da porta.

Trish e eu começamos a avançar, com nossas armas de segunda categoria prontas. Demos apenas alguns passos até que algo se espatifou no chão. Minha cabeça foi em direção à fonte do som, apenas para descobrir que Trish havia congelado. Não sei se foi por causa da escuridão, ou porque ela não estava cem por cento bem por causa do pouco sono que tivera, mas ela esbarrou em uma mesa de apoio e derrubou uma luminária no chão.

Os Ferais se levantaram com o barulho e, quando suas atenções se voltaram para nós, um deles rugiu. Puxei os braços para trás quando o primeiro correu em nossa direção e, assim que ele se aproximou o suficiente, eu o empurrei para a frente, acertando as pontas da lança em seu peito.

O segundo disparou em nossa direção e Trish se lançou à minha frente, fazendo com que o bastão caísse sobre ele com um baque enorme. Lutei com o Feral na ponta da minha lança. Ele continuou a empurrar a arma, em uma tentativa de me atingir como se não sentisse dor alguma. Houve outro baque quando Trish atingiu o Feral com que lutava pela segunda vez. Empurrei a lança, derrubei o Feral no chão e enfiei a ponta ainda mais fundo em seu coração. Outro baque. A luta da criatura diminuiu e, momentos depois, cessou.

Arranquei a lança e imediatamente corri para minha filha. Ela havia se afastado e agora estava com o rosto enterrado em um canto. — Chrissie. — Eu a tirei da parede, virei-a e a abracei comigo. — Está tudo bem. Não chore.

Eu estava prestes a lhe dizer que ela estava segura, mas no silêncio ouvi um barulho nos arbustos do lado de fora. Soltei minha filha e me aproximei da janela, inclinando minha cabeça para ouvir. No momento em que me afastei, houve um baque forte contra a porta da frente. Chrissie deu um grito de susto.


Flashback off


Meus olhos se abriram para um mundo escuro, e eu arfei em busca de ar. A dor atravessou meu peito com força e penetrou diretamente em meu estômago. Virei-me de lado ao mesmo tempo em que vomitava, agarrando-me ao peito agonizantemente enquanto a dor lancinante me fazia vomitar. Kara se ajoelhou às minhas costas e sua mão mal pousou em meu braço.

— Dugan — Ela respirou com preocupação.

Vomitei novamente e cuspi para tirar o gosto pútrido da minha boca. Embora eu precisasse de ar, que só poderia obter ao respirar mais fundo, respirei rápido e superficialmente, com medo de reviver o tormento severo. Caí de costas e fechei os olhos com força contra a dor que o simples movimento causava.

A menina fungou. — Por favor, fique acordado — ela implorou, ao apertar minha mão como se tivesse medo de me tocar em qualquer outro lugar.

Ao mesmo tempo em que eu respirava ofegante, ouvi um clique e, quando abri os olhos, vi que Kara havia pegado o isqueiro da mochila e o acendido. O que vi me deixou com lágrimas nos olhos. Não sei por quantas horas fiquei fora, mas durante esse tempo seu rosto estava inchado. Um dos olhos dela estava quase fechado por causa de uma ferida aberta na bochecha, cercada por um miserável arco-íris de preto e azul. Seu lábio inferior estava arrebentado e seus olhos estavam encharcados pelo choro.

— Kara — sussurrei ao sentir uma lágrima quente deslizar pela lateral do meu olho. Levantei a mão, tocando com tristeza as costas dos dedos no lado mais saudável de seu rosto. — Sinto muito.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora