Capítulo 29 – Como Eu Sou – 2ª parte
Echo
Quando entrei, ela estava a retirar a primeira bota. — Sinto muito — eu ofereci apressadamente, preparando-me para sua fúria.
Só que nada veio. — Esqueça isso — ela murmurou sem olhar para mim, movendo-se para abrir o próximo par de cadarços.
— O quê? — Respirei fundo em estado de choque. Sua recusa em ficar brava me fez desconfiar do porquê de ela ter sido tão paciente comigo nos últimos dias. Por causa de tudo o que eu tinha dito a ela, ela vinha me tratando como se eu fosse frágil. Essa era a única coisa que fazia sentido. — Vá em frente. Eu mereço — eu disse a ela ao aceitar. Eu poderia lidar com isso. — Eu realmente sinto muito.
— Está tudo bem — ela respondeu, no entanto foi uma respiração entrecortada. Eu só não conseguia descobrir se a impaciência vinha do fato de que ela realmente estava chateada ou porque eu não deixava passar.
— Por que você não está zangada? — Questionei, ao dar um passo mais perto para que ela olhasse para mim enquanto tirava a segunda bota.
— Eu estou — resmungou ela, de modo mais impaciente.
Não foi a primeira vez hoje que minhas sobrancelhas se franziram de confusão. Isso era tão diferente dela. — Então por que você não está... tipo... explodindo comigo?
— Você gostaria que isso acontecesse? — Ela se levantou, finalmente parecendo que minhas indagações a haviam feito demonstrar. — Estou furiosa, Echo — ela me disse com raiva. — Estou furiosa! — Devo ter estado muito perto, porque suas mãos pousaram em meus ombros e ela me afastou dela. — Estou furiosa pra caralho. — Em seguida ela colocou as mãos na testa e respirou fundo, disposta a se acalmar. — Depois que eu conto a você uma das maiores razões que eu não quero que as pessoas saibam — ela bufou. — Uma razão boa e legítima, e você anuncia isso na frente de todos que estão ouvindo.
— Sinto muito, Genevieve. — Eu tinha feito uma grande besteira e me senti tão mal com isso que só queria que ela parasse de ficar furiosa. — Diga-me o que você quer que eu faça — eu implorei. — Vou fazer.
— E continua voltando a isso — ela murmurou baixinho, ao ignorar minha pergunta e cair para se sentar em sua cama. — Você é impulsiva. Você fica chateada e, em vez de pensar, apenas reage. Como é que eu vou confiar completamente em você?
— O que você quer que eu faça? — Repeti de maneira suplicante.
— Pare de me decepcionar — ela sussurrou, e quando os olhos dela finalmente encontraram os meus, eles pareciam desanimados, como se ela genuinamente pensasse que eu estava sem esperança.
Era muito diferente ver qualquer coisa além de ódio quando ela estava chateada comigo, no entanto isso era pior. Eu preferia o ódio. Eu poderia lidar com isso. Não gostava de saber que a havia decepcionado, porque não conhecia uma maneira rápida de me redimir. Ultimamente, quando estava furiosa, ela descontava em mim e depois estava feito. Decepção... Eu não tinha uma solução rápida para isso. A única maneira de consertar a decepção era evitar que ela acontecesse, em primeiro lugar.
— Genevieve — eu comecei gentilmente, sem saber se deveria ou não continuar a tentar falar com ela.
— O quê? — Ela perguntou sem me olhar novamente, e começou a massagear as pontas dos dedos em suas têmporas.
Fiz outra pausa para julgar e, quando falei, minha voz estava cautelosa. — Ele é perigoso.
Por causa da forma como ela havia se comportado comigo nos últimos meses, eu esperava que ela respondesse com um comentário sarcástico sobre eu ser perigosa, também. Em vez disso, ela disse seriamente: — Então fique longe dele.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficção GeralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...