Capítulo 58 – Os acidentes são o paraíso – 3ª parte
Genevieve
— Tenho uma ideia melhor. — Echo se levantou, pegou em minhas mãos para me tirar do chão. — Vamos para casa— disse ela, limpando minhas bochechas para ter certeza de que não havia mais umidade. — Nós a encontraremos juntas. — Assenti, entretanto, enquanto estava ali, cambaleei de exaustão e acabei colocando uma mão em seu braço para me firmar. — Você está bem?
— Só estou com fome e cansada. — Tentei dar um sorriso tranquilizador, mas os olhos cinzentos de Echo me olharam de cima a baixo com um inegável brilho de preocupação.
Eu sabia que, nos últimos meses, eu havia perdido peso que não poderia ter perdido em primeiro lugar e, embora Echo não tivesse dito nada quando me viu pela primeira vez, assim como não falou absolutamente nada agora, eu sabia que ela podia perceber isso.
— Sente-se — sugeriu ela. — Há tempo para você comer alguma coisa.
Balancei a cabeça em negação. — Vou comer no caminho. — Ela ergueu as sobrancelhas para mim e, em resposta, acrescentei: — Com certeza.
Ela me estudou por mais um momento antes de parecer satisfeita e, quando estendeu a mão, coloquei a minha prontamente na dela. Ela seguiu ao meu lado enquanto eu pegava minha faca e meu arco, e só me soltou por um minuto para que pudéssemos pegar o resto das latas no armário. Depois, ela pegou minha mão uma vez mais e, juntas, saímos pela porta.
Os outros estavam a esperar pacientemente na varanda o tempo inteiro. Ao nos vermos, cada um de nós estava sorrindo.
— Já era hora de encontrarmos seu traseiro esquelético, magricela — brincou Tripton.
— É bom ver você, Genevieve — concordou Hatfield.
Eu sorri para os dois com gratidão, voltando meu olhar para Mal. — Você também veio, não é?
Ela deu de ombros despreocupadamente. — Eu só queria meu arco de volta.
Eu sabia que ela só estava brincando comigo, mas estendi a arma mesmo assim, achando que realmente era hora de devolvê-la. — Ele cuidou bem de mim. Obrigada.
— E eu cuidei bem disso — disse Mal, dando-me o mesmo rifle que eu havia trocado no dia em que parti.
Echo riu. — Ela o limpava religiosamente.
Mal deu um sorriso tímido e envergonhado, mas não chegou a dizer nada porque Tripton gemeu: — Vamos embora! Estou pronto para dormir em uma cama de verdade novamente. — Ao se virar para seguir na direção da estrada, ele resmungou: — Oito meses! O que diabos eu estava pensando?
Todos nós o seguimos e, durante a caminhada de volta para a estrada, Echo manteve um ritmo lento ao meu lado, perto o suficiente para que eu mantivesse minha mão em seu ombro para me equilibrar.
Na metade do caminho, eu estava respirando com dificuldade, então ela colocou um braço em volta da minha cintura para suportar a maior parte do meu peso, chegando até a me levantar o máximo que podia sobre alguns dos desvios mais altos. Fiquei grata por isso, pois não teria conseguido voltar em menos de uma hora se estivesse respirando sozinha.
Nem um minuto depois de termos entrado na traseira de um Stryker, Echo estava vasculhando sua mochila. Ela retirou duas latas e as apresentou a mim. — Lata da cabana misteriosa ou lata de recheio de peru?
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficção GeralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...