Capítulo 38 – Sob Nossos Pés – 1ª parte
Between Two Points, de The Glitch Mob
Sob Nossos Pés
Echo
Joguei minha embalagem vazia de RME em uma lixeira perto da entrada da cafeteria e, em seguida, saí para o crepúsculo frio. Mesmo que ninguém estivesse ao ar livre, havia mesas para que nós ocupássemos para comer. Limpei a neve de cima de uma delas e depois me ajeitei sobre ela, ao colocar os pés no banco abaixo. Como eu ainda estava furiosa com Genevieve, dentro do estabelecimento era o último lugar em que gostaria de estar. Minha única desculpa para estar aqui fora no frio era um cigarro, então tirei um da mochila e o acendi.
O ar gelado se infiltrou em meus dedos nus mais rápido do que eu esperava, mas deixei minhas luvas lá dentro e não queria me aventurar de volta. Em vez disso, enfiei as mãos nos bolsos do meu casaco verde escuro e deixei o cigarro pendurado em meus lábios após cada baforada. Os holofotes aos quais Harvey tinha conseguido conectar uma bateria extra iluminavam o interior da cafeteria, no entanto eu me virei para observar o laranja desbotado do pôr do sol. Eu tinha certeza de que o contraste do escuro aqui fora e da luz lá dentro era o suficiente para que eu ficasse invisível. Um minuto depois, porém, ouvi a porta se abrir e olhei para trás por cima do ombro para ver quem era.
— Ei — cumprimentou-me Imogen, demorando-se junto à porta. — Posso me juntar a você?
Eu limpei a neve do local ao meu lado. — Com certeza.
Ela sorriu e se aproximou. Quando subiu na mesa, ofereci-lhe meu maço de cigarros, mas ela acenou com a mão em sinal de agradecimento. — Não, obrigada.
— Isso incomoda você? — Perguntei, tirando o cigarro aceso dos lábios, preparando-me para jogá-lo na neve.
— Não — ela me tranquilizou instantaneamente. — Você está bem com isso. Só... Não é minha praia. — Recoloquei-o na boca enquanto ela perguntava: — O que você faz aqui fora? pensando?
Soltei uma risada divertida. — Eu pareço que estou remoendo algo? — Sua cabeça acenou de um lado para o outro com uma ligeira confirmação. — Trabalhamos com o sistema de companheiros de batalha. Não fico muito tempo sozinha.
— Eu entendo — ela respondeu de maneira compreensiva. — Se você quiser ficar sozinha com seu tempo livre, eu posso voltar para dentro.
Abanei a cabeça para ela em negação. — Eu não vou expulsar você. Principalmente se você veio aqui pelo mesmo motivo.
— Quer dizer, está um pouco lotado depois de estar perto de apenas duas outras pessoas por tanto tempo — ela concordou. — Mas realmente eu só vim aqui porque eu vi você.
— Para que eu pudesse sufocar você com fumaça de segunda mão? — Eu perguntei sarcasticamente, jogando o cigarro quase acabado fora. Em uma oportunidade de não abordar descaradamente o que parecia ser uma tentativa de flerte, eu adicionei: — Obrigada pela comida, a propósito.
— Obrigada por limpar esse lugar de Ferais e nos deixar ficar — respondeu ela. Dei de ombros para a resposta e, instantes depois, ela se endireitou com uma pergunta. — Como você sabia que eu estava seguindo você?
— Eu não acho que você seja tão sorrateira como pensa que é — eu disse a ela com uma risada. Realisticamente, ela fez um bom trabalho em nos seguir, mas eu estive em tantas situações perigosas como invasora que aprendi a vigiar o entorno com cuidado. O questionamento de Imogen motivou uma das minhas indagações. — Como você abriu as algemas que colocamos em você?
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Fiksi UmumHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...