147. Capítulo 47 - Há Cálculo - 4ª parte

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Capítulo 47 – Há Cálculo – 4ª parte


Echo


— Genevieve — chamei, ao correr atrás dela. Eu queria que ela voltasse atrás e que não os deixasse entrar. Ela não me reconheceu, no entanto eu sabia que tinha ouvido, porque ela imediatamente se dirigiu para o prédio mais próximo, o pequeno escritório onde nós tínhamos instalado o rádio amador. — Genevieve — eu falei novamente, com a preocupação clara em minha voz, por achar que ela tentava me ignorar. Eu a segui para dentro do prédio, passando pelos dois soldados que cuidavam do rádio e entrando em um pequeno escritório. — Genevieve, você tem que confiar em mim — eu implorei quando ela fechou a porta atrás de nós. — Sabe quando eu disse que conseguia identificar o olhar a uma milha de distância? Ele tem esse olhar. Todos eles têm. Por favor, confie em mim.

— Pare — pediu ela gentilmente, ao segurar meu rosto com as mãos para se certificar de que tinha minha atenção. — Eu confio em você.

Minhas sobrancelhas se ergueram de surpresa. — Você confia? — Ela assentiu com a cabeça. — Você não pode deixá-los entrar.

— Não tenho escolha, Echo — ela suspirou e tirou as mãos do meu rosto. Ela largou a mochila, foi até a escrivaninha e sentou-se na beirada dela. — Todos ouviram o que Imogen sugeriu. Você os viu, eles gostaram da ideia dela. — Ela apoiou as mãos nos cantos da mesa, encontrando meus olhos por um momento antes de balançar a cabeça. — Posso ser a comandante, mas só continuarei assim se as pessoas confiarem em minhas decisões. Elas não vão confiar em nada do que eu fizer quando acharem que há uma alternativa melhor. E, se eu for expulsa, nada do que eu disser terá importância.

Deixei minha mochila cair e caminhei até a cadeira almofadada no lado oposto da mesa, murmurando ao me acomodar nela: — É a escolha errada.

— Talvez — concordou ela, ao virar-se para me encarar. — Mas eles não eram realmente hostis. Talvez estejamos exagerando. Talvez já sejamos velhas, amargas e cínicas. — Eu ri por alguns segundos antes de soprar o ar derrotado pela lateral dos meus lábios. — Eu e você vamos ficar de olho neles, certo? Vamos lidar com isso, como nós sempre fizemos.

Assenti com a cabeça porque era a única coisa que restava fazer, mas não pude deixar de notar como ela continuava a dizer 'nós'. Embora isso não tenha trazido de volta um daqueles sorrisos incontroláveis, melhorou meu humor. — Vem cá?

— Onde? — Genevieve perguntou confusa. Eu dei um tapinha na mesa em frente ao meu assento, e ela me olhou desconfiada. — Por quê?

— Só, por favor? — Dei um tapinha na mesa novamente, dessa vez lançando um sorriso suplicante e atrevido.

Ela deslizou da cadeira e contornou a mesa ao meu lado, mas antes que pudesse pular para se sentar novamente, agarrei seus quadris e a puxei para o meu colo. Era um risco, considerando que eu ainda não tinha certeza se tinha permissão para fazer coisas assim, no entanto se eu não tentasse, nunca descobriria.

Ela se deixou cair em mim, porém seus olhos estavam arregalados de surpresa e havia um sorriso incrédulo em seu rosto. — Isso foi corajoso — ela riu.

Eu estava com um braço em volta de suas costas, apoiado no braço da cadeira, e, ao observar sua reação, estendi o outro braço sobre seu colo, colocando timidamente a mão em sua coxa. — Mas foi um erro?

Genevieve passou as pernas por cima do outro braço da cadeira, enquanto uma de suas mãos pousava em meu peito. Já havíamos nos beijado tantas vezes, mas a maneira como ela me olhava fazia meu coração pular com tanta força que eu tinha certeza de que ela podia senti-lo através da minha camiseta. Então, ela inclinou a cabeça para frente e meus olhos se fecharam atordoados quando ela deu um longo e delicado beijo em minha boca.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora