Capítulo 7 – De Todos os Estranhos – 2ª parte
Genevieve
— Bom dia — cumprimentei o Capitão enquanto me aproximava da tenda de reuniões. Quando nós retornamos da missão de recuperar Blake dos invasores ontem à noite, disseram-me que o Capitão queria me ver logo pela manhã.
Ele acenou com a cabeça em um sinal de reconhecimento, virando-se para o soldado que estava sempre de guarda na entrada da tenda: — Você nos daria um minuto? — O soldado saiu enquanto o comandante me acenava para entrar. — Como está Blake?
— April cuidou bem dele — eu respondi, ajustando o rifle sobre meu ombro para que eu pudesse me sentar na cadeira em frente à escrivaninha improvisada do capitão, enquanto ele se sentava em frente a mim. — Algumas costelas machucadas, mas fora isso e alguns cortes, ele está bem.
— E Echo? — Ele perguntou, parecendo um tanto tenso sobre o motivo de querer me ver.
Ele estava sentado ereto em sua cadeira, quando geralmente se inclinava ou permanecia de pé, e estava torcendo seu chapéu verde em suas mãos.
— Ela está segura — garanti a ele, completamente sem emoção, tentando ao máximo me manter distante ao pensar nela. — Ainda está dormindo. Eu deixei Garcia de guarda do lado de fora da minha tenda.
— Ótimo. — O Capitão se inclinou para trás em sua cadeira dobrável, estudando-me de maneira atenta e ao mesmo tempo insegura, como se pudesse ver o ódio em meu rosto, embora eu tentasse não demonstrá-lo. — Eu disse a ela que ela poderia ficar — começou ele, fazendo uma pausa para avaliar minha reação.
— Eu sei — respondi com o máximo de compostura possível, em uma tentativa de não deixá-lo ver o quão insatisfeita eu estava com a decisão dele.
— Foi a única maneira que pensei que ela nos levaria até Blake. — Sua voz era uma oferta apaziguadora, uma tentativa de anular minha amargura.
— Eu sei — eu disse uma vez mais, ficando um pouco irritada não com o comandante, mas sim com o fato de que eu tive que sacrificar a vida com a garota que matou minha família para ter meu melhor amigo de volta.
— Eu nunca vi você assim... — o Capitão parou para me estudar novamente, perdido em seus pensamentos, até que finalmente ele decidiu que não conseguia nem encontrar uma palavra para isso. — Não sei.
Ele ainda não tinha sido informado do motivo pelo qual eu desprezava Echo, e ele certamente não sabia que nós duas nos conhecíamos antes do surto. Mas se ele fosse apontar isso, eu poderia muito bem dizer a verdade. Eu só não sabia como ele reagiria, porque ele também tinha estado lá na noite em que os invasores assassinaram nossos companheiros. — Era o grupo dela. Na escola primária.
Eu podia dizer que ele sabia imediatamente do que eu falava. Naquela noite eu estava tão histérica, frenética e furiosa que o Capitão teve que me conter fisicamente para que eu não morresse. Mas se ficou chocado, ele não demonstrou e, em vez disso, manteve-se em silêncio por minutos, pensando tão profundamente consigo mesmo, que estava começando a me preocupar.
— Você conhece a nossa posição em relação aos invasores — disse por fim. — Esse é um mundo feito para criminosos e, para garantir a segurança de todas as pessoas que dependem de mim — e ele moveu sua mão em direção à porta da tenda, — tive que adotar uma abordagem drástica. — Quando ele parou uma vez mais, eu acenei com a cabeça. Ele continuou com pausas, como se não gostasse do que estava prestes a dizer. — Eu fiz um acordo com ela, e ela honrou sua parte do acordo. — Dessa vez eu simplesmente me sentei lá, completamente sem saber para onde ele estava levando essa conversa. — Não posso mandá-la de volta, onde sem supervisão ela poderia ser um perigo para qualquer outra pessoa. Você é a única em quem confio o suficiente para observá-la em nosso acampamento. A menos que você leve ela e um de seus soldados longe o suficiente para a floresta, para que ninguém possa ouvi-la.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficción GeneralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...