Capítulo 34 – Raridade da Verdade – 3ª parte
Genevieve
Ainda faltavam algumas horas para o pôr do sol quando acordei. O restante dos meus soldados também estava acordado, então permanecemos na sala comunitária com o rádio para matar o tempo. Alguns deles estavam no telhado a atirar em Ferais, mas eles me informaram que realmente não havia muitos vagando, porque tínhamos que ter conseguido trancá-los todos. Echo não saiu uma única vez, e quando finalmente chegou a hora de sair e de continuar a missão, eu tive que ir ao quarto dela para buscá-la.
Bati na porta dela, alto o suficiente para que me ouvisse se estivesse simplesmente dormindo o tempo todo. — Echo. — Esperei um minuto e não houve resposta. — Temos que começar a limpar as casas novamente.
Alguns instantes depois, a porta se abriu e Echo estava completamente vestida com seu traje antimotim e pronta para partir. Mas sua boca estava tão consistentemente sem emoção que até mesmo a linha de riso havia desaparecido. — Aqui estou — ela disse de forma categórica, e jogou meu colete à prova de balas em meus braços com mais força do que o necessário. — Você deixou isso aqui ontem à noite. — Então ela passou por mim sem dizer outra palavra, para se juntar ao resto dos soldados na sala de reuniões.
— Ouçam — eu falei enquanto a seguia, chamando a atenção de minha tropa. — Vocês estão se saindo muito bem. — Larguei minha mochila no chão para colocar meu colete enquanto falava. — Vamos sair com armas de fogo essa noite em equipes divididas de quatro. Harvey, você vai ficar com Datsyuk, Morgan, Hunt e Lee. — Dei uma olhada para o sargento do Esquadrão Bravo em seguida. — Powers, vou deixar você designar seus grupos. Todos devem estar de volta ao caminhão no máximo uma hora antes do nascer do sol. Perguntas? — Todos balançaram a cabeça em negação. — Podem sair, então.
Enquanto todos deixavam a sala para ir para o caminhão do lado de fora, eu me aproximei de Echo, que estava sentada na borda de uma mesa enquanto eu falava. Quando cheguei até ela, no entanto, ela imediatamente se levantou e tentou passar por mim.
— Ei — comecei, ao colocar minha mão em seu braço para detê-la antes que ela se afastasse. — Você está com raiva de mim?
Ela deu uma gargalhada sarcástica, mas depois seu rosto ficou sério. Seus olhos se encontraram com os meus com aquele olhar seco por um momento antes que ela tentasse se afastar uma vez mais, mas eu apertei ainda mais meu punho. Echo não tinha ficado furiosa o suficiente para me ignorar desde que eu quase a deixei ser mordida e, quando não era grave, ela geralmente expressava sua raiva. O que fiz ontem à noite não foi nada comparado a quase deixá-la ser mordida, entretanto, por algum motivo, ela estava irritada o suficiente para querer me evitar.
Apenas um mês atrás, ela estava tão preocupada em fazer com que eu gostasse dela que me deixou sair impune com quase qualquer coisa depois de me dizer como ela se sentia. Eu machucava os sentimentos dela e no minuto seguinte ela tentava brincar comigo, em uma tentativa de me fazer sentir melhor. Dessa vez foi diferente, como se ela estivesse a se cansar disso. Eu só não tinha certeza de como isso se manifestaria. Não sabia se ela seria agressiva e nós começaríamos a brigar novamente, ou se ela simplesmente me ignoraria para sempre. Foi mais um exemplo do controle que perdi, mas o maior susto para mim foi que eu me importava mais com ela não falando comigo do que com aquela perda.
Quando eu não a deixei sair, ela se virou para mim, inclinando-se para sussurrar para que os soldados restantes não ouvissem. — Você é uma amiga minha, faz sexo comigo, então me beija como isso se significasse alguma coisa, mas me diz que me odeia, e depois me insulta e bate com a porta na minha cara. — Ela arrancou o braço do meu aperto enquanto estreitava os olhos para mim. Se ela soubesse o quanto era difícil tratá-la assim. — Que tal você nos poupar algum tempo e parar de fazer perguntas estúpidas. — Em seguida, ela caminhou em direção à saída.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
General FictionHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...