Capítulo 45 – Homem Tão Pequeno – 2ª parte
Kara
O Feral rugiu novamente e se agachou para finalmente saltar sobre mim. Segurei a pá com mais força e meu coração parou em antecipação. A criatura mal havia dobrado os joelhos quando uma flecha atravessou diretamente a lateral de seu crânio. A besta caiu instantaneamente, e eu sabia quem viria em nosso socorro, entretanto não me importei com nada.
Atirei-me direto para Dugan, ajoelhei-me ao seu lado e o coloquei de costas. — Não, não, não, Dugan. Você precisa acordar. — Eu o sacudi com força. — Por favor, acorde. — Ouvi passos vindo em minha direção. — Droga, acorde!
— O que aconteceu? — Mal se abaixou ao meu lado, com um senso de urgência em sua voz enquanto me empurrava para o lado.
— Ele não está respirando — eu funguei, ao puxar os joelhos contra o peito como se isso fosse me proteger do desgosto. Mal imediatamente colocou as pontas das mãos no peito dele, ao empurrar com força e repetidamente. — Você não pode — disse em pânico, preocupada que ela piorasse a situação — a costela dele está quebrada.
— É por isso que ele está machucado? — Ela perguntou apressadamente, ao parar as compressões enquanto tapava o nariz dele, inclinando-se para respirar em sua boca. Senti uma enxurrada de lágrimas descer pelo meu rosto quando assenti. — Kara, você precisa ficar comigo. Preciso de sua ajuda. — Assenti novamente com a cabeça enquanto ela continuava a empurrar seu peito. — Ele quebrou as costelas, não é? — Outro aceno fraco de cabeça. — Você sabe RCP? — Dessa vez, balancei a cabeça em negação, e ela me fez sinal. — Faça o que estou fazendo. Trinta compressões, depois incline a cabeça dele para trás e respire duas vezes. Entendeu?
Ela me puxou para o seu lugar e guiou minhas mãos sobre o peito dele até que eu começasse a copiar seus movimentos. — Aonde você está indo? — Eu perguntei quando ela se levantou.
— Trinta — Instruiu ela, ao levar as mãos à cabeça e procurar ao redor. — Conte. — Ela se afastou a correr e repetiu freneticamente 'merda', enquanto eu a ouvia abrir e bater gavetas e armários.
Contei trinta compressões, em uma tentativa de não cair em soluços para ter fôlego para dar a Dugan. Inclinei sua cabeça para trás, como Mal havia me dito, e apertei seu nariz, como ela havia feito, e então respirei nele duas vezes antes de retomar o movimento em seu peito. Eu não conseguia ver nada através das lágrimas em meus olhos. Elas continuavam a cair, desciam em cascata pelas minhas bochechas e escorriam pelo meu queixo.
— Dugan, por favor — eu implorei em meio a um soluço que escapou, inclinando-me para respirar nele novamente.
— Não pare. Que lado ele quebrou? — Mal exigiu, ao jogar-se para o lado oposto ao dele com uma caixa azul e uma agulha embalada. Minhas sobrancelhas se franziram de angústia. Eu estava tão agitada que não conseguia pensar, e balancei a cabeça. — Qual lado, Kara? — Ela perguntou novamente.
— Esquerdo — deixei escapar.
— Tem certeza? — Mal tirou uma faca de seu cinto. Eu assenti com a cabeça. — Mova suas mãos. — Parei minhas compressões e ela passou a faca pela frente da camisa dele, ao abri-la e afastá-la do peito. — Vá. — Retomei a RCP enquanto ela pegava a agulha, tirando-a da embalagem.
— Por favor, não me abandone — gritei, quase sem forças para manter minhas compressões.
Mal esfregou uma compressa com álcool no lado esquerdo do tórax de Dugan e pressionou os dedos, silenciosamente sentindo algo sob o músculo. Eu estava aterrorizada demais com a possibilidade de perdê-lo para questionar o que ela estava fazia, mas depois que encontrou o que queria, ela nivelou a agulha vazia sobre o mesmo local e, em seguida, mergulhou-a em seu peito.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
Ficción GeneralHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...