6. Capítulo 2 - Preto - 2ª parte

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Capítulo 2 – Preto – 2ª parte


Echo


Quando cheguei a outra porta, me aventurei em uma sala. A enorme televisão de tela plana ainda estava montada na parede. A lareira ao fundo era de madeira fresca, mas agora apodrecida, na extremidade oposta. Eu não podia imaginar o tipo de coisas úteis que encontraria aqui, e depois de um rápido olhar ao redor com minha lanterna, voltei para o corredor. Passei pela porta da garagem, entretanto decidi que guardaria o melhor para o final e, em vez disso, subi as escadas. Dei cada passo com cuidado, e quando senti que a escada estaria a ceder por baixo de mim, sabendo que iria ranger, ajustei minha posição para não emitir um som sequer.

Cheguei ao topo da escada, segurando a faca na mão com firmeza, porque todas as portas aqui em cima estavam abertas e ficavam próximas umas das outras. Eu poderia ser atacada de qualquer direção a qualquer momento. Um passo à frente, e eu estava mais um passo mais perto da primeira porta. Mais um passo. E outro passo.

Quando cheguei ao primeiro cômodo, olhei para o entorno e, depois, para dentro dele. Tratava-se de um banheiro, e estava tão vazio quanto eu poderia esperar. Quando me virei para ir para o cômodo ao lado, algo guinchou e correu pelo chão em minha direção. Meu coração acelerou e eu puxei meu braço para trás de maneira reativa, pronta para esfaquear o que quer que fosse me atacar. Porém o bicho parou, olhou para mim e, com outro guincho, disparou para longe.

— Rato estúpido — eu ri baixinho, respirando fundo para acalmar meus nervos.

Assim que recuperei a confiança, continuei pelo andar de cima. Não havia muito por perto além de algumas barras de sabonete frescas e pasta de dentes sob as pias. Depois que coloquei tudo na mochila, retornei para a garagem. Eu avistei a caixa para a barraca de acampamento imediatamente, e isso me deixou esperançosa do que mais eu poderia encontrar.

Havia um armário de ferramentas no canto mais distante, então verifiquei ele primeiramente. Não podia levar muita coisa exceto uma chave de fenda, porque eu tinha certeza de que Martin havia quebrado a que ele possuía.

Encontrei algumas fitas adesivas também e, definitivamente, você nunca poderia ter o suficiente disso. Em outra caixa perto da barraca havia alguns equipamentos próprios para acampamento. Um pouco de fluído de isqueiro, uma pequena machadinha de guerra e um par de luvas de inverno melhor do que as que eu tinha no complexo foram as coisas que coloquei na minha mochila.

Eu não consegui tantos itens quanto esperava, mas talvez isso tenha sido uma coisa boa, porque minha mochila já estava bem pesada. Assim que saí de dentro da casa e voltei para a rua, entrei em mais alguns lugares. Não houve nada tão bom quanto o primeiro lugar.

Muitas residências já haviam sido limpas, muitas outras invadidas por Biters. A noite estava apenas na metade, porém decidi voltar ao complexo de qualquer maneira para compartilhar meus despojos com os outros. Mas não o mel, eu guardaria isso para mim.

Eu mal estava a um quarteirão de distância de casa, ainda a rastejar pela escuridão, quando ouvi alguns passos abafados de um beco à frente. Sempre me irritava quando um Biter ficava inquieto e começava a vagar pelas ruas horas antes do amanhecer. Isso também me assustava, e no segundo em que ouvi aquele som, escondi-me atrás de um automóvel na estrada.

Eu estava debatendo comigo mesma sobre se deveria me arriscar e passar sorrateiramente, ou retornar e dar voltas, quando ouvi um sussurro suave vindo do mesmo lugar. Não era um Biter. Tinha alguém ali, e não era um dos meus. Nós não nos esgueiramos pelos becos.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora