127. Capítulo 41 - Você Fez Essa Cama - 3ª parte

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Capítulo 41 – Você fez essa cama – 3ª parte


Echo


As coisas ficaram estranhamente calmas depois disso. Estava claro que todos se mostravam curiosos sobre o que havia acontecido, entretanto eu não estava a fim de explicar a estranhos. Felizmente, Blake se manifestou.

— Como foi sua viagem? — Perguntou ele ao médico.

— Boa. — O Doutor Issa acenou com a cabeça com entusiasmo. — Seus soldados se comportam de forma excelente. Eu me senti muito seguro. — Ainda havia tensão, então ele se virou para April antes que ficasse estranho uma vez mais. — Marcus me disse que você está trabalhando em uma cura?

— Sim. — April ajustou os óculos em seus olhos azuis. — Tentei tudo o que pude pensar, mas não tive sorte. — O Doutor Issa acenou com a cabeça em sinal de compreensão. — Você fez alguma descoberta?

— Não — ele respondeu imediatamente. — Até agora não consegui encontrar uma cura, no entanto minha pesquisa me trouxe uma melhor compreensão do que enfrentamos.

— Que tipo de pesquisa? — Perguntou April.

— De todos os tipos — respondeu ele, ao tirar a mochila dos ombros para pegar algo. — Mas as mais reveladoras foram minhas autópsias de cérebros infectados.

Ele pegou um frasco pequeno e lacrado, com apenas 2,5 cm de comprimento e menos do que isso de diâmetro, e o colocou sobre o balcão. Tive de me aproximar para ver o que havia nele, e todos os outros fizeram o mesmo, inclinando-se para a frente até que nossos rostos estivessem próximos uns dos outros.

— O que. O... Inferno — murmurou Blake.

O frasco estava cheio de um fluido transparente, porém não era para isso que nós olhávamos. Era o organismo suspenso nele – pouco mais do que uma mancha entre o líquido, e apenas do tamanho da ponta de uma caneta.

Mas nem mesmo o ponto era tão chamativo quanto o que parecia ser milhares de fios que se projetavam do organismo, tão finos que só eram visíveis por causa de seu comprimento e quantidade. Eram tantos que, agora que olhei mais de perto, pude ver que eles turvavam o líquido transparente.

— Como você encontrou isso? — April conseguiu respirar quase sem palavras.

— Tentativa e erro. — O médico se inclinou para copiar nossos olhares. — Precisei de muitas dissecações para finalmente encontrá-lo.

Eu estremeci, resistindo ao impulso de dar um passo para trás aterrorizada. — Esse é o parasita?

O Doutor Issa assentiu com a cabeça. — Esses fios, chamados de flagelos, estavam enrolados e entrelaçados por todo o cérebro.

April se inclinou ainda mais e apertou os olhos através dos óculos. — Como você o removeu com os flagelos ainda intactos?

— Fascinante, não é? — Ele perguntou com conhecimento de causa e depois deu de ombros. — Eu não fiz nada. Até tentei cortá-los em um microscópio. Eles são fibrosos, mas inquebráveis.

— É alienígena? — Garcia comentou meditativo, ao olhar para o médico. — Parece alienígena.

O Doutor Issa deu uma risadinha. — Eu lhe asseguro que tudo nele é totalmente terrestre.

— Qual é o propósito dos flagelos? — Perguntou Imogen, ao endireitar-se e cruzar os braços sobre o peito.

— Pelo que posso dizer — respondeu o médico. — Múltiplos. — Ele pegou o frasco e o segurou entre o indicador e o polegar, estendendo-o para que nós pudéssemos ver. — Observe como alguns dos fios gravitam em minha direção. — Era como um ímã, e metade dos fios longos e minúsculos se movia para cima ou para baixo em direção aos dedos dele.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora