Caronte Atraca À Luz Do Dia

55. Capítulo 17 - Castigo Chamado Vida - 1ª parte

Capítulo 17 – Castigo Chamado Vida – 1ª parte

Breathe de Delilah (remix de Cally D)

Castigo chamado Vida

Echo

Flashback on – Dois anos antes

— Você viu minha arma? — Eu questionei a Valerie enquanto vasculhava apressadamente minha mochila, e depois me ajoelhei para verificar sob os assentos vermelhos aveludados. Nosso grupo estava hospedado em uma sala de cinema agora, o que era bom, pois mesmo que nós ainda estivéssemos no coração da cidade, as paredes eram bastante à prova de som.

— Para onde você está indo? — Valerie perguntou curiosa, pegando uma peça de roupa com o objetivo de conferir embaixo dela. Encontrando-a lá, ela pegou a pistola e começou a se aproximar para entregá-la a mim.

Estendi a mão para pegá-la enquanto respondia: — Para uma invasão. Miles avistou um grupo.

Ela me entregou a arma, no entanto eu pude perceber que foi com relutância e, um momento depois, ela fez um leve protesto: — Nós deveríamos nos encontrar em breve.

— Podemos fazer isso amanhã? — Eu perguntei, olhando por cima do ombro dela em direção à saída, sabedora de que os outros provavelmente já estavam saindo pela porta.

— E quanto ao seu quadril? — Perguntou ela, ao apontar para onde eu tinha sido esfaqueada. Era recente, mas se eu estava curada o suficiente para fazer sexo, então estava curada o suficiente para participar de uma incursão. Parecia mais que ela estava tentando encontrar uma desculpa para que eu não fosse.

— É um grupo grande — justifiquei. — Eles precisam de mim. — Fiz um movimento em direção ao corredor central.

Ela se colocou em meu caminho. — O Victor está fazendo você ir?

— Não — respondi, e quando meu estômago resmungou violentamente, olhei de forma impaciente para a porta uma vez mais.

— Leon? — Ela perguntou, e eu balancei a cabeça em negação, mostrava-me um pouco irritada com seu interrogatório. — Você se ofereceu como voluntária?

Acenei com a cabeça, vendo instantaneamente sua boca se fechar em um sinal de insatisfação. No começo eu só pensava que ela estava chateada por não nos encontrarmos, porém depois percebi a verdadeira emoção por trás do olhar.

— Espere aí — eu disse em choque. — Parece que você está me julgando.

Ela cruzou os braços sobre o peito de maneira desafiadora. — Isso é porque eu estou, mesmo.

— Uau — dei uma risada, entretanto não foi diversão, foi descrença ofendida. — Nunca imaginei que você fosse hipócrita. — Quando ela apenas deu de ombros, eu ergui minhas mãos com raiva, frustrada por ela estar a fazer isso comigo agora, quando o tempo era limitado. — Já participamos de toneladas de incursões juntas.

— Sim, mas você odeia ir — disse ela, metendo-se em meu caminho quando tentei contorná-la novamente. — Você nunca se ofereceu para ir. Nunca.

— Não faço uma refeição sólida há mais de duas semanas, Val! — Minha voz subia, minha frustração com Valerie e minha ofensa com seu julgamento estavam a ser ampliadas por minha fome severa. — Estou morrendo de fome.

— Isso não deveria importar para você! — Ela gritou suplicantemente, e não sei por que, mas isso foi tão perturbador para ela que seus olhos ficaram lacrimejantes.