97. Capítulo 32 - Causando-me Vergonha - 3ª parte

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Capítulo 32 – Causando-me vergonha – 3ª parte


Genevieve


Havia um punhado de Ferais a vagar pelas ruas abaixo, então teríamos de esperar para nos reagrupar. Mas então notei para onde todos os Ferais estavam indo, e isso me deixou completamente atordoada. Eles estavam se alimentando de Stackhouse. Só que seu equipamento antimotim limitava a alimentação às mãos e à cabeça dele.

Por dentro eu estava ficando furiosa, pois agora que minha adrenalina tinha acabado, tudo estava começando a se encaixar. Foi por isso que segui a política de tolerância zero do Capitão com relação aos invasores.

Stackhouse era um bom sujeito. Não merecia ser alvejado e comido. Eu queria chutar alguma coisa e gritar para expressar minha frustração, minha raiva pela injustiça. Se fossem apenas Echo e Blake que estivessem aqui, eu provavelmente teria feito isso. Apesar de minha raiva interiormente fervente, tive que me controlar, pois havia três outros soldados aqui que eu não podia deixar que vissem o que eu realmente estava a sentir. A confiança do meu pelotão em mim dependia de eu manter a calma.

— Ei. — A mão de Echo pousou em meu ombro, mas eu estava tão envolvida em meus pensamentos que dei um pulo. — Desculpe — ela bufou divertidamente e, em seguida, segurou uma gaze e uma compressa com álcool. — Você me deixa limpar esse corte? É o mínimo que posso fazer.

Assenti, abaixando-me no chão para que pudesse apoiar minhas costas na borda do telhado. Echo se ajoelhou ao meu lado e, depois de tirar a compressa de álcool do invólucro, segurou meu rosto com a outra mão, inclinando gentilmente meu queixo para cima.

A outra coisa que eu podia sentir agora que a adrenalina estava passando era o frio, então, enquanto inclinava a cabeça completamente para trás contra a parede baixa, enfiei os dedos nas axilas.

— Aqui — disse Echo, ao perceber imediatamente, o que a levou a parar seu trabalho para me dar suas luvas. Eu estava prestes a protestar e ela sabia, porque me interrompeu. — Não estou nem usando agora. — Como estava com frio, não tentei protestar novamente, e as puxei enquanto ela continuava a limpar debaixo do meu queixo. — Você tem razão, é só um machucado.

Ela terminou de limpar o sangue e passou a soprar ar no meu pescoço para secar o álcool mais rápido. Tudo o que ela fez foi me deixar com mais frio, então eu respondi com um arrepio: — Disse a você.

— Ainda pode ter que amputar — respondeu ela com aquele sorriso constante.

— Sim, claro — eu comecei sarcasticamente, para brincar junto com ela. Não me sentia mais frustrada com os acontecimentos da noite. A atitude descontraída de Echo tinha acabado com tudo. — Não é como se eu precisasse da minha cabeça ou qualquer coisa do tipo.

Ela deu uma risadinha e estendeu a mão para forrar a gaze com fita adesiva. Ela permaneceu quieta para colocar sobre o meu corte, e assim que apertou a fita com os dedos eles desceram pelo meu pescoço. Seus olhos estavam focados na gaze mesmo quando eles traçaram o caminho de volta para o meu rosto e, ao segurá-lo, mais uma vez seu polegar acariciou minha bochecha.

— Sinto muito por não ter ouvido você — disse ela, por fim.

Ela parecia tão decepcionada consigo mesma, ou talvez como se pensasse que eu estava decepcionada com ela.

Eu queria deixar que o polegar dela continuasse a me acariciar, porque não queria que ela ficasse triste, e ela parecia tão calorosa que ser parecia reconfortante para nós duas, no entanto eu não consegui. Aquela culpa excruciante já havia se manifestado.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora