Capítulo 20 – Intenções no Ar – 2ª parte
Echo
Por fim, ela perguntou em um murmúrio: — Você está brava comigo?
— Você estava prestes a me deixar ser comida — eu disse a ela impacientemente.
Dessa vez ela se virou para mim, com as sobrancelhas franzidas com aquele incômodo que eu almejava. — É por isso que você ainda está zangada?
— Ah, me desculpe — comecei sarcasticamente, jogando minha faca no chão. Eu ainda não estava apenas zangada por isso. Isso ainda me deixou tão furiosa que eu estava um pouco ansiosa por uma discussão. — Eu não percebi que deveria estar bem com isso.
— Foi um erro, Echo — disse ela. — Pedi desculpas.
— Claro — pensei. — Engraçado como quando você pede desculpas, eu só devo aceitar.
— Não compare isso com o que você tirou de mim! — Ela gritou. Tudo o que eu podia fazer era ficar ali a olhar para ela. — Porra, que merda... O que mais você quer de mim?
— Quero saber que a pessoa com quem vou às patrulhas e às missões me protege — disse-lhe, ao cutucar o peito dela furiosamente. — Como você pode esperar que eu vá para a cidade com você se eu acho que você vai me deixar ser mordida de bom grado?
— Pelo menos eu já me livrei disso — brincou ela com entusiasmo. — Você tem sorte que eu até tivesse disparado, depois das coisas que você fez.
Eu gemi de frustração e, como sabia que aquilo a deixaria desconfortável o dia todo, disse: — Você realmente quer discutir sobre isso de novo, porque sabe o que aconteceu da última vez.
— Você me beijou primeiro — comentou ela defensivamente.
Eu ri de maneira provocativa: — E você levou isso a um outro nível. — Ao se lembrar exatamente, ela rapidamente olhou para longe. — Veja, esse olhar ali mesmo — apontei, — O que é isso? Vergonha? — Ela olhou para mim desafiadoramente, um olhar que eu viria a conhecer como um aviso para calar a boca, no entanto eu estava muito irritada para parar. — Culpa? — A cara de desgosto dela se aprofundou. — Emoção? — Perguntei de forma provocativa, e seus olhos se estreitaram violentamente. — O quê? Você pode fazer isso, mas não pode falar sobre isso? — Eu deveria ter obedecido ao olhar de advertência, porque ela agarrou meu colarinho e me jogou de volta contra a parede da cabana. — Por que você faria isso? — Perguntei com dificuldade. Além do fato de que sua proximidade me fez querer beijá-la uma vez mais, estava a contradição de que agora que a raiva desaparecia eu estava realmente começando a sentir como deveria. Magoada.
— Por que você acha? — Ela sussurrou retoricamente, e estava tão silencioso ao nosso redor que eu tinha certeza de que ela podia ouvir meu coração bater. — Porque eu odeio você.
— Você sempre faz isso com pessoas que você odeia? — Perguntei.
Seus olhos se estreitaram mais uma vez, e ela respondeu mais especificamente: — Porque eu sei que posso machucar você. — Analisei seu rosto na esperança de encontrar uma mentira em seus olhos. Não havia nenhuma. Essa era a verdade completa, mas apesar do fato de que eu sabia que deveria, eu não poderia afastá-la. Eu ficava me dizendo várias vezes para fazer isso, entretanto, era muito mais fácil pensar do que fazer. Quando eu não respondi nem a afastei, suas sobrancelhas subiram de intriga. — Você não se importa se é por isso, não é?
— Como você quer que eu responda a isso? — Perguntei, estendendo a mão e cuidadosamente tirando seus punhos cerrados do meu colarinho. Ela não precisava me prender... Eu não ia me mexer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caronte Atraca À Luz Do Dia
General FictionHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...