82. Capítulo 27 - No Escuro - 1ª parte

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Capítulo 27 – No Escuro – 1ª parte


Hands de Koda


No escuro


Dugan


— Tem certeza de que está pronta? — Perguntei a Kara com visível preocupação, meus olhos examinaram o ferimento em sua cabeça.

Ela abaixou o queixo para me olhar com um ar de repreensão, porque eu não conseguia nem contar nas duas mãos o número de vezes que eu tinha lhe questionado. Permanecemos na casa de Van por alguns dias para que deixássemos com que a leve concussão que Kara havia sofrido diminuísse. O tempo todo era óbvio que tanto ela quanto Namiko estavam impacientes para ir embora, e eu não podia culpá-las. Esse lugar ainda era assustador, mesmo sem Van à espreita. Entretanto eu não arriscaria correr perigo e não ter Kara saudável o suficiente para correr.

— Sim — ela gemeu, e então, ao mover-se em minha direção, ela olhou para Namiko e falou de forma brincalhona: — Você viu só com o que eu tenho que lidar?

O olhar de Namiko encontrou o meu, e mesmo que houvesse uma centelha de diversão em seus olhos, ela parecia com muito medo de rir abertamente. Kara tentava, nos últimos dias, fazer a mulher se sentir mais confortável e eu ri dela provocantemente para que Namiko soubesse que estava tudo bem, mas parecia que ela estava com medo de me ofender.

— Está bem — consenti com um sorriso divertido e, em seguida, comecei a analisar as armas que nós havíamos colocado em cima da mesa. Estavam todas elas aqui, juntamente com a munição que eu tinha colocado em nossa mochila que se esvaziava lentamente, e depois entreguei a Kara seu machado e também a espingarda dela. — Eu sei que você sabe como usar isso — eu comentei com leveza, ao pegar a pistola de Van e estender o controle em direção a Namiko.

Ela olhou de mim para a arma, no entanto passou um minuto inteiro sem que ela a tirasse de mim. Eu não podia ter certeza se não queria a arma, ou se ela simplesmente não confiava em mim o suficiente para alcançá-la e se colocar a uma distância segura, então eu a larguei de volta na mesa para dar a ela a chance de agarrá-la por conta própria.

Depois coloquei meu próprio rifle sobre meu ombro e enfiei a faca na bainha presa ao meu cinto. Eu tinha me esquecido de minha jaqueta que eu tinha jogado sobre o encosto de uma cadeira, porém quando ela me chamou a atenção eu hesitei. Nossa primeira parada depois de deixar esse lugar seria para pegar para Namiko uma jaqueta pesada e alguns tênis. Ambas as coisas Van tinha tirado dela anos atrás, então ela estaria menos inclinada a fugir – algo que descobri de Kara, a quem Namiko pelo menos contou algumas coisas quando eu não estava por perto.

Com alguma dificuldade convencemo-la a usar os sapatos de Van até conseguirmos um par que se encaixasse corretamente, mas era incerto quanto tempo levaria para encontrar o que nós precisávamos, e tudo em Namiko era delicado. O rosto suave e os traços pequenos, a pele clara, os membros longos e finos... Com a pouca carne que tinha nos ossos, ela precisava mais da jaqueta do que eu. Eu poderia aguentar o frio por algumas horas.

Ao tirar a jaqueta da cadeira, eu a segurei em minhas mãos em direção a Namiko, oferecendo-me para ajudá-la a entrar nela. — Você pode usar a minha até que encontremos uma. — Mas devo ter estendido rápido demais, porque ela deu um passo para trás intimidado e balançou a cabeça em negação. — Está tudo bem — garanti-lhe gentilmente, porém pensei que poderia funcionar melhor se eu formulasse meu pedido mais como uma pergunta. — Por favor? Não quero que você sinta frio quando a gente sair.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora