37. Capítulo 11 - Deixe os Mortos Enterrarem os Mortos - 1ª parte

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Capítulo 11 – Deixe os Mortos Enterrarem os Mortos – 1ª parte


Thistle and Weeds de Mumford & Sons


Deixe os mortos enterrarem os mortos


Echo


Flashback on – cinco anos antes


— Ah!

Eu cochilava no sofá até que o grito triunfante me assustou e me fez ficar em uma posição meio sentada. O chicotear rítmico e o baque de alguns dos caras atrás do sofá jogando facas à parede mais próxima me embalaram no estado mais calmo em que estive desde que iniciou a epidemia. Demorou apenas um ano, e eu não pude deixar de achar estranho que ultimamente era o som das armas que estava a me confortar.

— Vamos ver isso, Victor — desafiou o rapaz que havia gritado. — Jogue isso.

Olhei para cima e vi Victor puxar facas de arremesso de um alvo enorme e pintado na parede. Durante o último ano que passamos, nosso grupo, agora com treze membros, era, em sua maioria, nômade. Há uma semana havíamos vagado pelos bairros de classe alta de Rochester e conseguimos encontrar uma casa vazia que era praticamente uma mansão.

As residências nessa área estavam em enormes terrenos, e as vizinhas se situavam distantes o suficiente para que nós não precisássemos sussurrar toda vez que disséssemos alguma coisa. Isso também pode ter sido parcialmente responsável pela minha capacidade de relaxar.

Esse era o lugar mais seguro que eu me senti há algum tempo. Além disso, o tecido sedoso do sofá em que eu estava deitada era macio ao toque, e as almofadas embalavam meu corpo confortavelmente.

Assim que me acalmei após o grito, deitei-me no sofá e cruzei as mãos atrás da cabeça. Quase consegui pegar no sono mais uma vez, quando os caras começaram a gritar de novo e me acordaram.

Dessa vez, sentei-me por completo, sem me preocupar mais em tirar uma soneca. Ao dar uma olhada no paredão visado, parecia que Victor quase havia vencido seu adversário, porém como ele havia perdido, o jogo tinha acabado.

Decidindo que talvez eu tivesse um pouco mais de paz em um dos muitos cômodos da casa além daquele em que eu estava me levantei, mas no segundo em que eu o fiz os caras me notaram.

— Echo! — Victor sorriu: — Que tal um high five por quase ter chutado o traseiro de Remy?

Eu me aproximei, abstendo-me de suspirar de tristeza. — Você só ganha high fives por realmente chutar a bunda de Remy — eu disse, segurando minha mão acima da de Remy para que ele pudesse dar um tapa contra ela.

Ao longo do ano passado decidi que não gostava nem um pouco de Victor, no entanto tive que fingir que minha provocação era toda divertida, mesmo que a razão pela qual eu realmente tivesse dado meus cumprimentos para Remy fosse porque eu faria qualquer coisa para evitar tocar em Victor.

— Querida, você está quebrando meu coração — Victor riu, e eu estava perto o suficiente para sentir o cheiro do álcool que emanava de todos os quatro homens ao meu redor.

Para confirmar, outro cara chamado Matt se virou para uma mesa de apoio próxima, onde havia uma garrafa de uísque escocês caro que havia sido deixada por um dos donos da casa.

Ele derramou cinco copos, distribuindo-os para todos, inclusive para mim. — Faça isso, depois veremos quem vence a próxima rodada. — Eu não tinha intenção de participar, entretanto engoli a bebida de qualquer maneira, esperando que quando finalmente conseguisse me afastar deles, isso me ajudasse a adormecer.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora