105. Capítulo 35 - Longe de Casa - 1ª parte

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Capítulo 35 – Longe de casa – 1ª parte


The Next Right Thing de Seth Glier


Longe de casa


Dugan


— Aqui — falou Namiko com um sorriso suave, ao me estender um punhado de analgésicos para a dor.

Eu peguei três dos seis comprimidos, dizendo antes de jogá-los na boca: — A dor não é tão forte.

Tanto ela quanto Kara estavam a me acompanhar de perto há uma semana e meia. Era de se esperar que eu tivesse algo terminal, do jeito que elas estavam constantemente a me observar com olhares preocupados e atentos em seus rostos. Mesmo agora, depois que engoli os remédios que encontramos em nosso posto de gasolina, Namiko colocou uma orelha contra minhas costelas e instruiu-me a respirar de maneira profunda. Ela havia dito há alguns dias que estava de olho em uma pneumonia, e por isso era importante que eu continuasse a tomar os remédios, mesmo que parasse de doer tanto. Fiz o que me foi dito e, enquanto o ar fluía para meus pulmões e Namiko ouvia, seus olhos se voltaram para o meu rosto, à procura de uma reação. Minha sobrancelha se franziu com um leve encolher no final da inspiração, e quando a soltei ela se endireitou.

— Os pulmões soam bem — ela me disse com uma voz confiante, porém tranquila. — Mas calma. E a dor?

— É mais uma dor — eu respondi. A respiração só me incomodava agora quando respirava fundo como aquela.

Ainda havia dores agudas sempre que uma pressão era aplicada, mas isso não era um problema, visto que nós estávamos a ir com calma desde a minha lesão.

Wolf estava dolorido há alguns dias, principalmente na perna traseira, mas estava completamente bem agora. Eu podia apenas ver Kara pela porta da frente, e a cada meio minuto ele trazia a bola de volta para ela para que ela pudesse jogá-la na estrada para ele uma vez mais. Eu não via alegria assim há anos. Kara ria e elogiava o cachorro toda vez que ele voltava com a bola de tênis, e Wolf a observava com a língua para fora até que ela a jogasse mais uma vez.

— Esse cachorro ainda não está cansado? — Falei para Kara, o tom brincalhão. Eles já estavam lá há trinta minutos.

Ela se inclinou para trás para me olhar pela porta. — Ele é um espírito livre. — Ela jogou a bola com um grunhido forte. — Ele precisa correr! — Nisso, ela o perseguiu e, alguns segundos depois, os dois passaram pela porta em sentido contrário.

— Fique perto, pelo menos! — Eu gritei para que ela me ouvisse, e gritar assim causou uma pontada nas minhas costelas. Era o meio do dia, mas isso não impediu nosso Stalker Feral de me atacar anteriormente, e eu não tinha certeza se havia mais por aí.

Namiko deu sua risada habitual e tranquila. — Preocupar-se é ruim para o processo de cura — brincou timidamente, e sua mão deu um tapinha tímido no meu peito. Ela havia ficado muito mais ousada recentemente, mas claramente ainda estava se adaptando a ser brincalhona de novo.

— Fui pai uma vez — concordei com uma risada, ao pegar o saco de figos frescos no balcão ao meu lado. — Você não precisa me dizer duas vezes.

Eu estava prestes a jogar uma fruta em minha boca, quando Kara gritou de algum lugar atrás do prédio: — Dugan!

O figo caiu da minha mão, e meus dedos se fecharam ao redor do meu rifle enquanto eu disparava para fora da porta. Ignorando a dor nas costelas por caminhar rapidamente, corri para os fundos do posto de gasolina. Kara estava de pé no mato com Wolf ao seu lado, mas nenhum dos dois parecia estar em perigo.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora