1. Bem-vinda à Nova Era - 1ª parte.

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Capítulo 1 – Bem-vinda à Nova Era – 1ª parte


Radioactive – Imagine Dragons


Bem-vinda à Nova Era


Genevieve


Luzes vermelhas tremeluziam na escuridão, iluminando o que a lua não podia clarear na grande biblioteca. Segurei minha própria lanterna pequena entre os dentes e direcionei o feixe cardinal para baixo, para o livro em minhas mãos. O título científico parecia altamente promissor, mas ao folhear o interior do mesmo, eu descobri que se tratava apenas de um relato superficial do corpo humano – definitivamente não eram as informações aprofundadas sobre o sistema nervoso que nós estávamos à procura. Tão silenciosamente quanto pude eu coloquei o livro de volta na estante, o único som audível era o leve atrito enquanto o objeto deslizava de volta para o lugar.

Tirei a lanterna da boca, passando-a sobre as lombadas de outros livros até encontrar mais um que parecesse interessante e, em seguida, segurei-a entre os dentes novamente, com o intuito de liberar minhas mãos. Quando peguei o livro, escutei um leve ruído e outro baque muito mais alto assim que um texto pesado caiu ao chão, ecoando do teto alto da biblioteca.

Assustada dei um pulo, instintivamente virando-me para o barulho enquanto minha mão disparava para a faca de trinta centímetros presa à minha coxa. Por sorte eu tinha a lanterna bem segura entre os dentes para não a deixar cair e aumentar o barulho. Todas as outras luzes vermelhas na longa fileira de prateleiras foram direcionadas para o som, mal iluminando o soldado que havia deixado cair o livro, e eu quase conseguia perceber onze inspirações enquanto cada um de nós segurava a respiração.

Eu esperei, o único ruído que conseguia ouvir no silêncio escuro foi o bater assustado do meu coração enquanto todos nós aguardávamos por uma resposta temida ao barulho. Minha mão ainda continuava tensa sobre a faca e, embora fosse a arma escolhida entre nós por ser silenciosa, senti-me ainda mais confortada pelo peso do rifle pendurado em meu ombro.

Depois de trinta segundos de silêncio, os feixes vermelhos se deslocaram em minha direção, e eu podia ver meus membros delineados pela luz ao mesmo tempo em que eles me olhavam em busca de ordens. Esperei mais trinta segundos, escutando atentamente qualquer som que pudesse indicar que nossa missão estava prestes a se tornar muito mais perigosa. Quando nenhum ruído veio, dei um suspiro audível.

— Como sempre — eu sussurrei, alto o suficiente para que meus CAMARADAS pudessem me ouvir. Soltando a faca, peguei minha lanterna e a lancei sobre aquele que havia deixado cair o livro. — Jarvis, tenha mais cuidado.

— Desculpe, Tenente — ele sussurrou de volta, e antes que eu tirasse minha luz dele, eu o vi segurar firmemente o livro pesado para que ele não escorregasse de seus dedos.

Nós estávamos a pesquisar na biblioteca de Harvard há mais de uma hora e, com quase todas as prateleiras devidamente examinadas, ainda não tínhamos encontrado o que procurávamos: um livro, qualquer livro, que fosse extremamente detalhado sobre o cérebro humano. Não apenas as diferentes partes e para que serviriam, mas também substâncias químicas, hormônios e efeitos no resto do corpo – o tipo de livro que daria a um leitor de primeira viagem conhecimento suficiente para se tornar um cirurgião cerebral. Havia muitos livros de biologia sobre anatomia humana, no entanto, nenhum que eu tivesse visto ainda que fosse específico o suficiente. Também não ajudava o fato de boa parte dos livros ter sido jogada e espalhada pelo chão em um antigo caos. A falta de visão e a camada de poeira que refletia minha luz vermelha de volta para mim dificultavam a leitura rápida e precisa dos títulos perdidos, e tamanha desordem tornava a busca problemática.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora