31. Capítulo 9 - Cura - 1ª parte.

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Capítulo 9 – Cura – 1ª parte


Cure For The Itch de Linkin Park


Cura


Dugan


Eu cochilava no escuro do sótão, mas um som constante e esvoaçante fez com que me mexesse. Era suave e silencioso, no entanto, na quietude ao meu redor era o suficiente para ser percebido. Eventualmente, depois de esfregar os meus olhos para afastar o sono e reunir forças, sentei-me. Definitivamente eu estava a ficar velho. Seis anos atrás, dormir sem um colchão macio não me deixava tão dolorido quanto agora, e eu me inclinei para trás até que um delicioso estalo percorreu minha coluna.

— Eu acordei você? — Kara perguntou, e na luz fraca de uma lanterna que havíamos encontrado na casa abaixo de nós, pude ver que ela estava embaralhando meu baralho de cartas repetidas vezes.

Balancei a cabeça em negação, despreocupadamente. — Não se preocupe com isso.

Uma olhada no meu relógio revelou que eram sete da noite. O sol tinha acabado de se pôr e teríamos que esperar pelo menos mais algumas horas antes que fosse tão seguro o suficiente para que nós saíssemos.

Fazia apenas alguns dias que havíamos chegado à antiga casa de Kara, mas nossa comida havia acabado oficialmente ontem. Eu só tinha duas latas quando chegamos aqui, e com uma lata a cada dois dias entre nós dois, eu poderia dizer que estava ficando com muita fome. O problema era que ainda não conseguíamos imaginar um bom plano para chegar ao suprimento de alimentos o qual Kara havia me contado. Tínhamos percorrido e pesquisado a área e, aparentemente, as reservas estavam no porão de uma casa a algumas ruas de distância. Uma entrada e uma saída.

Eu não estava querendo pular de cabeça e lutar contra onze Ferais. Essa era uma boa maneira de garantir que você acabaria morto.

— Você quer jogar Go Fish? — Kara ergueu as cartas e depois as embaralhou uma vez mais.

Eu meio que a ensinei a jogar ontem, quando o tédio durante nossas horas de vigília ficou ruim o suficiente para que eu tivesse que mantê-la ocupada. Ela disse que o jogo lhe parecia familiar, mas desde antes do surto que ela não via um baralho de cartas.

Como eu não conseguia ficar em pé no sótão raso, fui até onde ela estava. — Quer que eu te ensine outro jogo? — Ela acenou com a cabeça positivamente e me entregou o baralho. — Chama-se Rummy — eu disse, e vendo que ela tinha embaralhado o suficiente, eu dei as cartas.

Ela pegou o jeito do novo jogo muito rápido e, depois de apenas uma rodada de treinos, ela sabia as regras. Deixei passar algumas rodadas antes de tentar puxar conversa.

Tinha sido bom quando nós estávamos no aeroporto com Chuck. Depois que ele se sentiu confortável comigo, parecia que estava tão ansioso por um companheiro quanto eu.

Kara era diferente, e não era só a diferença de idade. Ela parecia ter a idade dela, mas ao mesmo tempo não parecia. Para ser honesto, eu não tinha certeza de quantos anos ela aparentava, porque era quieta demais a maior parte do tempo. Exceto quando ela me perguntava coisas como se eu queria jogar Go Fish.

Não estava claro para mim se eu deveria tratá-la como uma criança ou como uma pessoa adulta, então eu não tinha dito muito a ela além do necessário. No íntimo de minha mente, porém, eu estava um tanto quanto preocupado com ela. Ela não derramou lágrimas nenhuma vez, que eu soubesse, por causa de sua família morta. Algumas pessoas simplesmente não choravam, no entanto ela nunca tinha dado a impressão de que estava chateada com isso. Talvez tenha sido principalmente para conforto meu, mas eu queria saber que ela sentia alguma coisa.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora