23. Capítulo 7 - De Todos os Estranhos - 1ª parte.

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Capítulo 7 – De Todos os Estranhos – 1ª parte


The Stranger de Lord Huron


De todos os estranhos


Genevieve


Flashback on – seis anos antes


Eu pulei de minha cama, assustada com o alarme repentinamente ensurdecedor. Era completamente estranho, visto que nunca tivemos sirenes para qualquer tipo de desastre natural em Rochester. Eu nem conseguia imaginar de onde vinha – era tão alto que parecia que vinha de todos os lugares. O tom estridente ecoava nas paredes do meu quarto e pairava no ar com uma espessura penetrante. Até mesmo o vidro da minha janela tremia tanto que pensei que fosse se quebrar.

Por cima do som do alarme, mal escutei o pesado baque de passos passar pela frente do meu quarto, e uma sombra abrupta cruzou a fresta na parte inferior da minha porta.

— Papai? — Chamei, porém sabia que ele não me ouviria. Eu não tinha falado alto o suficiente, muito apavorada com as possibilidades do alarme para levantar minha voz.

Meu coração batia tão rápido que quase não havia vontade de sair da cama para investigar. Nada disso havia acontecido antes, nenhum alarme de incêndio, nenhum alerta de intruso, mas imaginei que meu pai fosse entrar para me avisar ou para me acalmar agora. Porém passou por mim a correr pela porta.

Foi assim que eu soube que algo não estava certo. Obrigando-me a sair de baixo da segurança dos cobertores, fui até a janela e levantei uma parte das persianas com um dedo.

A vista que eu tinha não era da minha própria rua, eu não estava de frente para o caminho certo, no entanto, daqui eu podia enxergar a cidade a alguns quilômetros de distância. A cidade estava acordada. Luzes brilhantes e intermitentes se apagavam e acendiam incessantemente por todos os lugares.

Olhei para o relógio em minha mesinha de cabeceira. Eram três da manhã, tarde demais para que houvesse tantos carros na estrada quanto eu pudesse ver daqui. Além disso, havia uma espessa nuvem de fumaça cinza contra o azul escuro do céu noturno, que flutuava de um prédio em algum lugar da cidade. Algo estava tão errado.

Eu escutei mais batidas de passos às proximidades do meu quarto.

— Papai? — Chamei. Poucos instantes depois a marcha atravessou minha porta uma vez mais, indo mais uma vez para o outro lado, descendo as escadas.

Em meu terror inseguro, e temendo o pior, procurei no meu quarto escuro alguma coisa, qualquer coisa que eu pudesse usar como arma, e a única coisa que me chamou a atenção foi o vaso que estava sobre minha escrivaninha. Ele tinha um gargalo estreito o suficiente para que eu pudesse segurá-lo com uma mão, e um corpo largo e grosso o suficiente para causar algum dano se eu tivesse que bater em alguém na cabeça com ele. Puxei a única flor falsa para fora dele e o virei de cabeça para baixo, segurando-o com força enquanto abria a porta do meu quarto.

Aquele som estridente estava a ressoar tão alto no corredor como no meu quarto. Ao levantar a cabeça para fora olhei para cima e para baixo, e sem um movimento à vista, avancei para a varanda com vista para a sala de estar. Uma silhueta desconhecida ficou rígida ao pé do sofá e, antes que eu pudesse me concentrar totalmente nela, me mexi para trás e para fora de vista.

Meu coração quase explodiu ao vê-lo, mas uma vez que o choque inicial se dissipou, minha mente processou quem era. Tratava-se do homem mais velho da casa ao lado. Algo parecido com Greely. Ben eu acho.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora