64. Capítulo 21 - Procure-a - 1ª parte

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Capítulo 21 – Procure-a – 1ª parte


Eyes on Fire de Blue Foundation (remix de Zeds Dead)


Procure-a


Genevieve


Flashback on – seis anos antes


Eu saí da sala de aula atrás dos outros alunos, em uma tentativa de procurar por cima dos ombros deles por alguém em específico. Avistei os cabelos castanhos claros dela em meio à multidão e, assim que passei pela porta, corri para alcançá-la.

— Hayden — eu chamei. Ao ouvir seu nome, ela se virou e, vendo que era eu, sorriu. — Sua próxima aula é por aqui? — Perguntei, ao apontar a direção que ela estava tomando.

Ela assentiu timidamente em um movimento leve e voltou a caminhar comigo ao seu lado. — É a sua?

— Na verdade não — eu respondi, e apontei o caminho oposto: — É por ali. — Ela assentiu uma vez mais, e dessa vez seguiu a olhar para mim sem jeito. — Eu recebi um A naquele teste — eu disse a ela, e ela sorriu orgulhosa. — Acho que é porque você me deixou pegar seu lápis emprestado. Ele é como um amuleto da sorte.

— Duvido que eu tenha tido muito a ver com isso — ela deu uma risadinha.

— Eu nem estudei — eu respondi com um encolher de ombros fácil, feliz quando ela riu mais um pouco. Então eu fiquei quieta, em uma tentativa de encontrar a coragem necessária para falar o que eu vim dizer. Eu tinha feito meu planejamento perfeitamente, e o sino que indicava que nós estaríamos atrasadas para nossa próxima aula tocaria em um minuto. — Já que você tem um amuleto da sorte — eu comecei, e ela olhou para mim de forma curiosa. — Eu ia ver se você poderia vir ao jogo de futebol essa noite.

— O jogo de futebol? — Ela repetiu de maneira insegura. Preocupada por tê-la deixado desconfortável ao indagar, olhei para ela a fim de pedir desculpas. Suas bochechas estavam tingidas com um leve rubor, mas a linha de riso dela era profunda com seu sorriso característico.

— É um jogo importante — eu justifiquei, esperando que pudesse ajudar a convencê-la. Eu simplesmente não conseguia ler em seu rosto se ela queria ou não ir, ela estava tão quieta com seus pensamentos.

— Eu poderia perguntar aos meus pais — ela disse baixinho, — talvez.

— Talvez – eu vou aceitar como um sim — eu comentei apressadamente, ao olhar de volta para onde estava minha próxima aula. — Eu tenho que ir, vou procurar você hoje à noite.

Ela fez um tímido aceno de despedida, e eu corri para o extremo oposto do prédio escolar, chegando tarde.

Naquela noite, durante o jogo, procurei-a na arquibancada. Os jogos de futebol feminino nunca foram tão populares, então não havia muitos espectadores para procurar.

Ela não foi encontrada em lugar nenhum. Vencemos, no entanto eu estava tão distraída procurando por ela a cada dois minutos que a vitória não veio fácil.

— Ei — eu a cumprimentei, correndo para alcançá-la novamente quando saímos de nossa classe no dia seguinte. — Eu não vi você ontem à noite. Você estava lá?

— Hum — ela cantarolou baixinho, e quando olhei para ela, ela corava exatamente como ontem. Eu a estava intimidando? — Eu não sabia se você falava sério sobre me querer lá... — Depois de apenas um momento de pausa, ela acrescentou, como se fosse uma desculpa mais aceitável: — E eu ainda não tenho minha licença para dirigir.

— Claro que eu falava sério — eu ri, assumindo pela timidez que o primeiro motivo havia sido o mais honesto, e depois admiti mais do que tinha admitido ontem. — Alguns de nós saímos para comer pizza depois, eu ia convidar você. — Por algum motivo ela corou em um tom ainda mais escuro de vermelho depois de me olhar em completo choque, e eu não pude deixar de dar uma risadinha. — Achei que seria divertido deixar Naomi zangada se você viesse, sabe? — Estávamos juntas nas aulas desde a escola primária, porém eu mal sabia nada sobre ela além do que eu apenas observava ao longo dos anos.

Ela bufou de divertimento, mas respondeu timidamente: — Eu não sou muito boa em... com um... Coisas sociais.

Dei uma gargalhada e lancei um sorriso apologético para ela quando percebi o quão séria ela era. — Tudo bem — eu murmurei, em uma tentativa de pensar em uma solução, mas quando vi que ela corava mais furiosamente, coloquei minha mão em seu ombro, tranquilizando-a: — Não, não, não seja tímida, está tudo bem. Que tal... — Olhei para cima pensativamente. — E se for só eu e você, e como você não dirige, eu posso levar você para casa depois.

— Sério? — Perguntou ela com evidente surpresa. Quando acenei com a cabeça, sua risada se aprofundou com um sorriso nervoso. — Está bem.

— Legal — eu sorri alegremente. — Eu tenho que ir. Promete que vai aparecer da próxima vez? — Ela acenou com a cabeça com as bochechas rosadas. — Tchau.

Entretanto nunca chegamos a estar juntas, porque duas noites depois o senhor Greely se encontrava na minha sala de estar com uma arma na mão.


Flashback off


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Continua...

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Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora