32. Capítulo 9 - Cura - 2ª parte.

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Capítulo 9 – Cura – 2ª parte


Dugan


Ela jogou o machado que estava segurando em sua outra mão para que pudesse ajustar a espingarda pendurada em seu ombro. Eu estremeci. O som de Ferais me irritava e me perturbava tanto agora quanto na primeira vez que o ouvi.

Kara me seguiu de volta para o carrinho e, enquanto pegava a pá que havíamos levado da loja de ferragens, peguei todas as seis armadilhas de urso. Passamos pela pista para cachorros no caminho para o quintal. A coisa toda era uma espécie de forma de 'L' ao redor da casa, com o porão ficando no canto mais distante.

Kara me entregou a pá enquanto voltava para o carrinho com a finalidade de começar a puxar os sacos de areia, e enquanto ela o fazia eu comecei a colocar estrategicamente as armadilhas de urso. Primeiro cavei um buraco bem profundo. Dentro do buraco eu colocava a âncora de corrente da armadilha, e depois de passar o espigão por ela para que ficasse preso no chão, deixei cair um saco de areia sobre ela, após isso o enterrei novamente.

Se nós estivéssemos apenas a caçar, provavelmente não valeria a pena todo o trabalho para ancorar as armadilhas com tanta segurança. Mas quando os Ferais estavam em busca de uma refeição eles eram temíveis, e eu não duvidava que eles tivessem a capacidade de arrancar um simples espigão diretamente da terra com seus esforços.

Depois que todas as armadilhas foram montadas diagonalmente do canto do quintal onde ficava o porão até a parte do quintal lateral onde a pista para cachorros estava localizada, era hora de levar o restante dos sacos de areia para cima da gaiola. Kara subiu primeiro, e quando ela se aproximou deles, eu me estiquei para entregá-los. Mesmo que cada um dos sacos pesasse cerca de cinquenta quilos, e eu pudesse dizer que a menina estava lutando para puxá-los, ela não reclamou uma vez sequer.

Não pude deixar de admirar a garota. Não só por sua motivação, mas também pelo fato de que ela era destemida o suficiente para arriscar estratagemas como esse. A tarefa seguinte foi amarrar a corda para que Kara pudesse puxar a porta da gaiola fechada de seu lugar em cima dela.

Com a corda na mão, dei um nó em uma das extremidades para dentro da porta e, em seguida, analisei o recinto em busca do melhor local para passá-lo por outra parede de cerca para o lado de fora. Enquanto eu procurava, eu podia ouvir o clique metálico consistente de Kara usando os cortadores de parafusos para cortar minha fuga para fora do teto da gaiola.

A corda provavelmente precisaria ser enrolada através da parede dos fundos da cerca para que Kara pudesse fechar a porta, mas tinha que estar fora do caminho ou então eu arriscaria correr para dentro dela enquanto tentava escapar dos Ferais.

— Ei — sussurrei para Kara assim que ela terminou de remover um pedaço quadrado de cerca grande o suficiente para eu passar. Quando tive a atenção dela, joguei a ponta da corda para cima através da minha saída para ela. Enfiá-lo pelo topo me pareceu a melhor solução. — Experimente.

Ela puxou a corda de seu ponto acima de mim, mais devagar do que faria mais tarde para não fazer muito barulho, e nós dois soltamos suspiros felizes quando a porta se fechou.

Quando nós tínhamos certeza absoluta de que o resultado seria satisfatório, voltei para o carrinho com o objetivo de pegar a prancha, e então a entreguei para ela também.

— Estamos preparados? — Eu perguntei, semicerrando os olhos no escuro para verificar se nós não tínhamos nos esquecido de nada.

Kara olhou ao redor pensativamente. — Espere aí — disse ela, e depois começou a reorganizar os sacos de areia. Ela colocou alguns bem ao lado do orifício de fuga para que eles estivessem prontos quando a prancha fosse colocada no lugar. Os outros ela colocou na extremidade do corredor, bem acima da porta, de modo a que, quando essa se fechasse, ela pudesse facilmente chutá-los e colocá-los no lugar. — Tá bom. Pronto.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora