122. Capítulo 40 - Agora Ela se Foi - 1ª parte

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Capítulo 40 – Agora Ela se Foi – 1ª parte


Lying to You de Keaton Henson


Agora ela se foi


Genevieve


Depois de uma viagem longa e tensamente silenciosa em um dos Strykers da nossa caravana, finalmente nós nos aproximávamos dos portões da base. Embora fôssemos as únicas duas passageiras no veículo e houvesse um banco vazio à nossa frente, Echo dormia ao meu lado, com as pernas esticadas confortavelmente sobre o assento. Sua mochila estava no lugar ao meu lado e sua cabeça descansava confortavelmente em cima dela. Embora estivesse escuro dentro do automóvel, ela havia colocado seu gorro preto sobre os olhos para bloquear a luz restante, e seus braços estavam cruzados sobre o peito para se manter aquecida.

Eu a mantive acordada a maior parte da noite e, nas últimas horas, ela estava pegando no sono bem merecidamente. Mesmo agora, eu estava relutante em acordá-la, mas olhei para frente, perto do motorista, para a tela, no intuito de ver onde nós estávamos. A estrada era familiar, os portões se aproximavam, e eu não podia esperar muito mais.

Meus olhos se voltaram para Echo. Ela havia amarrotado o gorro de modo que cobrisse apenas das sobrancelhas até o nariz, e eu podia ver perfeitamente seus lábios e a linha de riso dela. No entanto, não foi isso que me chamou a atenção. Na luz fraca do veículo, tudo em que me concentrei foi a cicatriz na lateral de sua testa. A cicatriz que eu coloquei lá. Minha mão se esticou para frente por curiosidade. Eu me perguntava se ainda doía quando ela pensava nisso, ou se ela sequer pensava nisso, e enquanto eu me questionava, meu dedo indicador passou sobre a marca.

Eu mal tinha traçado o comprimento dela quando uma das mãos de Echo se levantou. Foi um deslize, como se ela estivesse a tentar afastar um inseto ou um fio de cabelo irritante, mas quando seus dedos sentiram algo maior, eles se fecharam ao redor da minha mão. Ela congelou de maneira pensativa e, ainda a segurar, tirou o gorro dos olhos com a outra mão.

— Pensei que você estivesse dormindo — eu ofereci quando seus olhos se fixaram em mim, sentindo minhas bochechas corarem.

Ela me soltou para massagear os dedos sobre seus olhos cansados. — Eu tenho sono leve. — Em seguida, os dedos dela foram para a cicatriz, e ela a coçou com uma risada. — Foi uma sensação estranha. Fez um pouco de cócegas.

— Desculpe — eu disse a ela, feliz por estar muito escuro para ela ver que eu corava. — Havia um... um... mosquito ali.

Seu lábio superior se curvou de desgosto quando ela abaixou o braço novamente. — Você o pegou?

Assenti com a cabeça, quase revirando os olhos para mim mesma, porque ainda estava muito frio para mosquitos. Pelo menos Echo não parecia estar a pensar nisso. Uma conversa tranquila veio pelo rádio na frente do veículo, no entanto estava muito longe para que eu pudesse entender cada palavra. Mas ouvi uma. Ferais.

O copiloto, uma das metades sobreviventes do Segundo Pelotão, virou-se para olhar para mim. — Senhora, temos Ferais no portão.

Echo se sentou enquanto eu olhava para a tela na frente do copiloto, porém um segundo Stryker à nossa frente estava a bloquear nossa visão do portão. Não poderíamos abri-los até termos certeza de que nenhum Feral passaria a correr, mas eu tinha civis nas caçambas de três caminhões de carga, com nada mais do que uma cobertura de lona para mantê-los seguros.

— Quantos? — Perguntei.

Nielson murmurou no rádio e esperou uma resposta antes de me dizer: — Quatro.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora