80. Capítulo 26 - Milhas do Outro Lado - 3ª parte

22 4 34
                                    


Capítulo 26 – Milhas do Outro Lado – 3ª parte


Echo


Genevieve deu uma poderosa estocada na neve, o que fez com que levantasse uma grande pá, despejou-a e imediatamente voltou para outra. Ela não apenas usava os braços e as costas como eu fiz. Ela colocava todo o seu corpo na tarefa, e certamente ela tinha a bunda mais perfeita. Era por causa de suas pernas longas e atléticas. Ela era tonificada para alguém tão magricela. Então ela me flagrou a olhar para ela, e fez um movimento deliberadamente irritado para o carrinho de mão cheio.

Com outro revirar de olhos, levei-o para fora, levantando-o para despejar os detritos na pilha que Genevieve havia começado ao lado da cabana. Depois de empurrá-lo de volta retomei minha posição, ao vê-la começar a preenchê-lo mais uma vez. Ela só o encheu até a metade, antes de dar um suspiro irritado e de se virar para mim.

— Você pode parar de me encarar? — Ela gemeu.

Eu não estava necessariamente a olhar para ela naquele momento. Eu estava apenas entediada. — Para onde mais eu deveria olhar? — Perguntei, ao ficar ainda mais irritada com as atitudes aleatórias que ela me demonstrava a manhã inteira. Eu estava lá ontem à noite também e eu tinha tido que matar pessoas infectadas antes. Eu não estava a agir como uma cretina por causa disso.

— Qualquer coisa — ela grunhiu, enfiando sua pá sob outra concha. — Outra coisa.

Eu propositalmente movi meus olhos pelo resto da cabana, fazendo um trabalho tão minucioso de não olhar para ela que ela teve que me alertar para quando o carrinho de mão estava cheio, novamente, o que fez a contragosto. Depois que retornei do despejo, ela enfiou a pá nas minhas mãos e subiu na mesa.

Mantive-me em silêncio por alguns minutos, e então Genevieve comentou com desdém: — Como é que você pode derrubar um cara como Kellan, mas você não pode jogar uma merda de neve nem fodendo?

— Lutar não é só uma questão de força. — Fiz cara feia para ela, sentindo outra barra do meu medidor de tolerância ser desperdiçada. — E nem todo mundo é uma atleta estrela como Genevieve Moretti.

— Não é preciso ter talento para usar uma pá — ela riu.

Dessa vez olhei para ela com divertimento, porque finalmente tinha percebido por que motivo ela estava a ser tão temperamental. A gargalhada a tinha denunciado. Ontem à noite eu me ofereci se ela precisasse de um desabafo e, como ela praticamente recusou, não pensei que ela iria querer tão cedo, especialmente porque eu poderia dizer que ela não havia se recuperado completamente do ataque. Mas eu havia percebido que às vezes ela me provocava para ter uma desculpa para me beijar. Agora que pensei que era isso que ela estava a fazer, decidi que poderia ser divertido esperar dar a ela o que ela queria o máximo de tempo possível. O único problema de esperar era que me irritava, e ela achava que iniciar uma discussão era a única maneira de conseguir o que pretendia, o que tornava a sustentação contraproducente.

Quando eu não respondi, Genevieve ficou quieta enquanto pensava em outra coisa para proferir. — Estou surpresa que você se lembrou do meu sobrenome.

— Lembro-me de muitas coisas sobre você — eu bufava, ofegante um pouco, já que me esforçava para tentar tirá-la de meus pensamentos.

— Eu me lembro do seu também — ela disse gentilmente, parecendo não estar a tentar me agredir ao dizer isso. Porém aconteceu, mais do que qualquer coisa que ela tinha falado até agora, porque aquela parte de mim se tinha ido embora, e eu havia dito isso a ela.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora