Caronte Atraca À Luz Do Dia

157. Capítulo 51 - Presa no Meio - 2ª parte

Capítulo 51 – Presa no Meio – 2ª parte

Genevieve

Ela sorriu com gratidão quando lhe entreguei um prato, e então fomos para a sala de jantar. Meus olhos examinaram as mesas para ver quem estava por perto e vi Blake, sentado algumas mesas atrás de Jed e alguns de sua equipe.

Quando nos aproximamos, eu disse a Echo: — Vá se sentar com Blake, já estou indo. — Ela percebeu que meu olhar se desviou para Jed, no entanto, quando ela abriu a boca para protestar, acenei com a cabeça. — Não se preocupe.

Eu não queria que ela interagisse com ele mais do que o necessário. Ele a havia afetado no outro dia, e eu suspeitava que ele era parte do que a incomodava. Ela continuou, sentando-se do lado oposto ao de Blake, de modo que ainda pudesse me ver na mesa de Jed. Deixei minha tigela de ensopado cair na superfície, com força suficiente para que o barulho chamasse a atenção de Jed, e me sentei em frente a ele e a Mia.

— Seu grupo de caça não está à altura — eu disse a ele, em uma tentativa de ignorar o olhar frio e maligno que recebia da mulher ao seu lado.

Ele estava a meio caminho de levar a colher aos lábios, mas quando eu proferi isso, ele parou, baixando-a de volta para a tigela. — Qual é o problema?

— A quantidade de projéteis que eles acham que é preciso para derrubar um veado — eu respondi, ao olhar para ele e vendo que Echo observava atentamente. — Não seria um problema se nós gostássemos de comer chumbo no café da manhã.

Os lábios de Mia se contraíram em um sorriso, entretanto ela não disse nada, e tudo o que Jed respondeu foi 'tudo bem'. Ele estava muito mais falante na noite passada. Embora eu não tivesse certeza se ele havia me levado a sério, eu estava prestes a me levantar, já que ele não parecia querer falar muito. Mas quando me levantei, ele disse: — Acho que descobri — e engoliu uma colherada de ensopado.

Meus olhos se desviaram dele para Mia, observando as diferenças de atitude entre eles. Mia era muito mais quieta do que ele. Ela não se importava em mascarar sua frieza por meio de conversas sarcásticas e descontroladas. Não como Jed fazia.

— O que foi? — Eu perguntei.

— Vocês duas querem o relacionamento — disse ele, ao retomar nossa conversa da noite passada. Minha mandíbula se contraiu com clara irritação. — Ela só não sabe disso. — Tinha sido engraçado ontem à noite, mas agora ele realmente havia adivinhado algo certo. — E você não contou a ela porque tem medo.

Isso não era mais engraçado. Segurei minha tigela, prestes a pegá-la para não ouvir o que ele ia dizer, no entanto, no momento em que minha mão pousou nela, sua própria mão enorme atravessou a mesa, pousando com força em meu pulso para me segurar no lugar. Foi um completo choque, e senti um lampejo de pânico em meu rosto. Com o canto do olho, vi Echo se mover, mas olhei rapidamente para ela e balancei a cabeça, sabedora do que ela era capaz e relutando para que isso aumentasse de proporção.

— Tire sua mão de mim — disse com firmeza, olhando-o nos olhos para que ele soubesse que eu falava sério. — E nunca mais me toque.

— Você está com medo — continuou ele, sem se preocupar em soltar o braço — porque sabe exatamente o que a assombra nos sonhos dela à noite. — Meus olhos se desviaram dele para Echo. — Você não se recupera das coisas que ela fez. Jamais. — Eu o encarei, sem saber o que dizer. Eu não sabia exatamente quão profundas eram as feridas internas de Echo. Não sabia se ela ainda pensava nisso, nem com que frequência, nem se isso a assustava. Ela só havia falado sobre isso uma vez.