Capítulo 26 – Milhas do Outro Lado – 2ª parte
Echo
— Qual é o plano? — Questionei Genevieve enquanto ela caminhava pela entrada da tenda. Ela tinha acabado de regressar de uma reunião com o Capitão.
— O Capitão quer que os civis tirem o dia de folga para estar com suas famílias, para tentar manter a moral em alta — ela respondeu, sentada em sua cama e apoiando-se em suas mãos para esperar enquanto eu me arrumava.
Ela parecia melhor do que na noite anterior, embora um pouco privada de sono, e eu ainda podia ver a dor em seus olhos. Era típico dela sentir que tinha de proteger todo mundo, e agora eu estava a descobrir o que acontecia quando ela sentia que tinha falhado. Eu queria poder dizer a ela que estava a ser muito dura consigo mesma, que ela e que todos os outros tinham feito tudo o que podiam, porém eu sabia que isso só iria deixá-la chateada. Ela também não parecia pronta para tentar confiar em mim novamente. O sono havia recuperado energia suficiente para que ela se fechasse e se enclausurasse.
— O Segundo pelotão já saiu para explorar aquela base — continuou Genevieve. — Então, vamos estar bastante ocupadas hoje. O Esquadrão Home foi distribuído a fazer patrulhas, a maioria dos nossos rapazes está cavando sepulturas e o restante está reconstruindo a cabana que pegou fogo.
— E você e eu? — Perguntei de forma curiosa, ao terminar de amarrar minhas botas e de prender meu coldre de arma em volta da minha coxa. Depois que me levantei, estiquei meu pescoço de um lado para o outro, em uma tentativa de resolver o torcicolo, por conta de eu haver dormido contra a cama de Genevieve a noite passada. Eu teria pedido uma massagem a ela se não fosse pelo fato de que não havia uma maneira não sedutora de não mencionar isso, e pelo fato de que eu sabia que ela recusaria. Além disso, eu não queria que as mãos dela chegassem perto do meu ombro queimado. Só o fato de ter minha jaqueta vestida já era irritante o suficiente.
Ao ver que eu estava pronta, Genevieve se levantou e respondeu enquanto liderava o caminho para fora da tenda: — Primeiro vamos ver April. Em seguida, o teto de outra cabine cedeu por conta daquela neve há alguns dias. Nós iremos consertar isso.
Olhei para cima para contemplar o cinza do céu do meio da manhã. — Parece que vai nevar de novo.
— É por esse motivo que temos que fazer isso hoje — ela respondeu de modo impaciente. Olhei para ela, em uma tentativa de descobrir por que minha declaração a havia irritado, e quando ela percebeu que eu a observava, perguntou logo: — O quê? — Sem saber exatamente como responder, e incapaz de descobrir, eu simplesmente balancei a cabeça em uma afirmação negativa. Talvez ela estivesse apenas a ser sensível por causa da noite passada.
Quando nós chegamos à cabine médica, entramos e pude ver Genevieve visivelmente encolhida ao ver todas as pessoas feridas ainda lá dentro. Nenhum deles foi mordido – parecia que todos os mordidos já tinham sido devidamente encaminhados. As pessoas que ainda se recuperavam na cabine eram as que tinham sofrido outros tipos de ferimentos.
April estava a fazer suas rondas verificando todos os oito quando entramos e, ao nos ver, ela nos acenou para o canto da cabine mais distante de qualquer um dos pacientes, com a finalidade de que nós pudéssemos conversar em particular.
— Como você está? — Genevieve perguntou a April.
Os olhos dela continuavam a se desviar no meio do caminho para os pacientes, como se ela quisesse olhar para eles, porém não quisesse sentir a dor que isso acarretaria. Por ter sobrevivido aos últimos seis anos, tive que admitir que foi um choque ver Genevieve reagir tão severamente ao ataque. Era quase como se ela estivesse a levar isso para o lado pessoal, no entanto ela escondeu isso tão completamente que a única razão pela qual notei foi porque eu a conhecia tão bem.
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Caronte Atraca À Luz Do Dia
General FictionHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...