38. Capítulo 11 - Deixe os Mortos Enterrarem os Mortos - 2ª parte

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Capítulo 11 – Deixe os Mortos Enterrarem os Mortos – 2ª parte


Echo


Eu escutei Genevieve se mexer em sua cama e, sabendo que ela provavelmente acordaria em breve, coloquei um lado das algemas de volta no meu pulso enquanto prendia o outro na estrutura da minha cama novinha em folha. Parte do trato para ela me devolver meu canivete foi que eu parasse de tirar as algemas à noite.

Eu tentei lidar com isso o máximo que pude, mas durou apenas uma semana até que eu não aguentasse mais. Então, eu as tirava todas as noites e acordava de manhã cedo antes que ela o fizesse para que eu pudesse colocá-las de volta e ela nunca saberia.

Consegui adormecer até que Genevieve, ao mudar de roupa me acordou uma vez mais, e dessa vez quando abri os olhos ela estava a fazer força para se levantar. — Bom dia — cumprimentei alegremente. Sua única resposta foi me lançar um olhar apático ao mesmo tempo em que ela enfiava os pés em suas botas.

Ela não se mostrava totalmente satisfeita com o Segundo Pelotão trazendo uma cama de volta para mim, e acho que ainda estava um pouco amargurada com isso. Se eu tivesse que adivinhar, era apenas mais um lembrete para ela de que minha estadia aqui era permanente.

Sentei-me e, com a mão direita ainda algemada à cama, usei a esquerda para calçar as minhas próprias botas. O calçado não era nada confortável em comparação com meus tênis antigos, visto que as botas ainda não tinham sido calçadas, mas o couro preto fosco parecia mais durável do que a lona esfarrapada dos meus sapatos antigos, e eu tinha certeza de que acabaria por gostar delas.

— Você... Poderia talvez... — Eu sugeri, lançando um olhar deliberado para minha mão trancada porque eu precisava das duas para amarrar minhas botas.

Genevieve parecia estar em um humor especialmente rabugento essa manhã, ou ela não dormiu bem à noite passada. Ela apenas me encarou, como se não conseguisse nem entender o que eu estava a pedir.

Então ela preguiçosamente apalpou os bolsos de sua calça jeans, o bolso de seu moletom pulôver cinza, e depois disso ela olhou ao redor da cama dela de maneira inquisitiva. — Não consigo encontrar a chave.

— O quê? — Perguntei incrédula enquanto ela levantava um de seus cobertores para olhar por baixo dele. No entanto, antes que ela levantasse o rosto para encontrar meu olhar novamente, peguei o menor dos sorrisos em seus lábios. — Mentirosa — eu dei uma risadinha, mesmo sabendo que ela não estava fingindo para ser brincalhona comigo.

Ela provavelmente estava a esperar que eu finalmente entregasse a localização dos meus grampos de cabelo, o que era uma pena para ela, que era uma péssima mentirosa. Após revirar os olhos ela enfiou a mão no bolso e puxou a chave, depois a jogou no meu colo e voltou a amarrar as próprias botas.

Soltei a algema ao redor do meu pulso e, uma vez que devolvi a chave para Genevieve, amarrei meus cadarços.

Ao mesmo tempo em que eu puxava os cabelos para cima, enfiei a cabeça para fora da entrada da barraca e respirei fundo o ar fresco da manhã, em uma tentativa de decidir se queria ou não manter meu suéter preto. Eu não tinha certeza em que mês nós estávamos, porém definitivamente era outono agora.

Folhas coloridas entulhavam o chão da floresta, as noites estavam ficando mais frias e, na semana passada, havia uma brisa quase fria ao longo de todo o dia. A julgar pela temperatura da manhã, não seria má ideia manter o suéter.

— Você só vai ficar aí parada? — Genevieve perguntou de maneira categórica, e eu puxei minha cabeça de volta para descobrir que ela estava pronta para partir.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora