13. Capítulo 4 - Não Dá Para Voltar Para Casa Novamente - 2ª parte

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Capítulo 4 – Não Dá Para Voltar Para Casa Novamente – 2ª parte


Genevieve


Depois que deixei meus pertences, passei pelo acampamento em direção à grande tenda de madeira que foi designada para reuniões. O Capitão estava lá com a doutora April, e eu permaneci na entrada, esperando pacientemente que eles me notassem.

— Sim, mas eu sou uma médica, Ben, não uma neurofisiologista — dizia April, e ela ajustou os óculos na frente de seus olhos azuis escuros. — Não sei o que estou fazendo e não consigo encontrar uma cura se não aprender. — Ela estava a segurar um dos livros que trouxemos de nossa última missão, e o deixou cair sobre a mesa em frente ao Capitão como se o gesto enfatizasse seu ponto de vista.

— Não posso deixá-la ir com os soldados — disse o capitão Greely, arranhando sua barba grisalha e olhando de modo indiferente para ela de seu assento.

— Acho que você pode — rebateu April, ao cruzar os braços sobre o peito, desafiadoramente.

— Você tem cinquenta e oito anos de idade — o Capitão lhe disse exasperado. — Você poderia acompanhá-los se eles estivessem sendo perseguidos?

April soltou um suspiro lamurioso para que ele soubesse que achava aquilo ofensivo. — Eu sobrevivi muito bem antes de vir para cá.

Eu segurava o riso nesse momento – o Capitão e April estavam sempre a discutir como um velho casal, embora ambos insistissem que não havia interesse romântico entre eles. Apenas para não sentir que estava espionando, limpei minha garganta para eles.

O comandante me acenou e, depois de me dar um breve sorriso de saudação, April continuou a discussão', como se eu nem estivesse ali.

— Você está tão determinado a encontrar essa cura, só que eu não possuo as habilidades ou o conhecimento para fazer o necessário. Se você não me deixa ir com eles, então você precisa enviar mais tropas para encontrar alguém que o faça. — April caiu na cadeira atrás dela, passando as mãos com ênfase por seus cabelos castanhos grisalhos na altura dos ombros.

O Capitão tirou seu boné de beisebol verde escuro e o jogou sobre a mesa, seus olhos castanhos se estreitaram em aborrecimento. — Proteger esse acampamento é prioridade, você sabe disso. E eu não posso forçar meus homens a irem em busca solitária de outro médico que pode nem estar por aí.

— Genevieve — começou April, virando-se para mim como se eu pudesse ajudá-la. — O que você acha?

Respirei de forma pensativa, fingindo para o bem dela como se estivesse a considerar isso, mesmo que já soubesse qual era minha posição a respeito. O capitão Greely não era o único que queria encontrar uma cura para a infecção, mas nossa principal preocupação era garantir que tivéssemos os suprimentos e a mão de obra para manter todos nesse acampamento seguros. Havia um soldado que tinha se voluntariado para vasculhar o país em busca de alguém que pudesse desenvolver uma cura.

Ele já estava distante de nós há mais de um ano, e fazia check-in todos os dias ao meio-dia através do rádio amador com o qual havia sido enviado, no entanto, até agora, ele não teve sorte.

— Concordo com o Capitão — disse a ela por fim. Durante as missões, eu reclamava que ele não deixava a gente levar April junto, mas isso sempre era só minha frustração falando. No fundo eu sabia que não era a melhor decisão. — Você é muito valiosa, precisamos de você aqui.

Ela deu um suspiro abatido, levantou-se e, com os ombros caídos, partiu em direção à porta. — Vou tentar pensar em outra solução.

— Mulheres — reclamou o Capitão quando ela estava longe do alcance de sua voz. Ele me conhecia tão bem que podia dizer, pela expressão no meu rosto, que eu ia fazer um comentário sobre eles estarem apaixonados, então ele fez cara feia para mim antes que eu pudesse falar alguma coisa. — Não diga isso.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora