Capítulo 55 – Coisas que me mantêm viva – 2ª parte
Echo
Na manhã seguinte eu me sentia fraca, exausta e deprimida e tinha certeza de que a maior parte disso não era física. No segundo em que meus olhos se abriram, eles se encheram de lágrimas, mas eu as enxuguei e me sentei. Jed sairia essa manhã, eles iriam embora, e tudo o que eu tinha que fazer era esconder o que tinha feito até que eles saíssem. Então eu poderia esquecer o assunto, Genevieve nunca saberia e eu nunca mais teria de pensar nisso.
Sentando-me, puxei a camiseta preta de mangas compridas sobre a cabeça para virá-la do lado certo e me recusei a olhar para as marcas vergonhosas em meu braço antes de vesti-la novamente. Eu tentava reunir forças e vontade para ficar de pé, para ir ver se Genevieve ainda estava no quarto ao lado. Felizmente, não precisei fazer isso, pois quase um minuto depois, bateram na porta.
— Echo? — Genevieve chamou suavemente.
O cachorro rosnou de seu lugar no chão, no entanto eu o silenciei e me levantei. Ficar de pé me deixou com vertigem, então caminhei até a porta, abri a fechadura e imediatamente me virei para a cama novamente. Genevieve ouviu o clique e, depois de abrir a porta e de entrar, fechou-a silenciosamente atrás de si.
— Ei — ofereceu ela, ainda parada na entrada do quarto, observando-me recostar na cabeceira da cama. Eu nunca a tinha visto parecer tão insegura, tão pouco confiante.
Eu tinha de agir normalmente. Fingir que nada aconteceu. Forçar um sorriso. Dei um tapinha na cama ao meu lado. Ela suspirou de alívio e se aproximou. Ela ficou bem em cima de mim e, em qualquer outra circunstância, eu teria caído na gargalhada quando ela encostou o rosto em meu peito, aninhando-se em meus seios. Era a Genevieve brincalhona que eu amava e apreciava. Só que agora eu mal conseguia suportar.
Consegui dar um sorriso sem convicção enquanto ela rolava de cima de mim. — Diga-me que essa não é a coisa mais gay que você já fez para que eu possa chamá-la de mentirosa.
— Não é — ela riu, ao se aproximar do meu lado e pegar minha mão direita com a sua.
— Mentirosa. — Eu achava que poderia fingir, mas não conseguia nem olhar para ela.
— Não é — ela riu novamente, ao passar a outra mão carinhosamente pelo meu braço. — Tenho quase certeza de que o que fiz com você ontem foi a coisa mais gay que já fiz.
Embora ela não pudesse ver, seus dedos percorreram o orifício em minha veia e meu corpo ficou tenso. Respirei fundo, engolindo o nó que se formou em minha garganta. Ela não tinha ideia do quanto eu a havia traído. O quão pouco eu a merecia.
— Sim — eu concordei, incapaz de forçar outro sorriso.
Genevieve me estudou por alguns segundos, enquanto eu me recusava a olhar para ela. — Echo, você está bem? — Eu murmurei uma resposta afirmativa, incapaz de formar palavras em meio ao nó em minha garganta. — Eu fiz algo errado? — Ela perguntou, a preocupação consciente em sua voz como uma punhalada no coração. — Você está com raiva de mim? — Eu podia ouvir isso. Ela estava vulnerável. Ela havia dito que me amava e confiava em mim com seu coração, e tudo o que eu faria era quebrá-lo. Balancei a cabeça em negação, virando o rosto para que ela não visse que meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas. — Onde você estava ontem à noite?
Inspirei um fôlego trêmulo e pisquei rapidamente para tirar a água dos meus olhos. — Não quero falar sobre isso.
— Echo? — Ela se inclinou para frente, em uma tentativa de captar meu olhar, mas eu me afastei ainda mais dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Caronte Atraca À Luz Do Dia
Fiction généraleHISTÓRIA PARA PESSOAS COM 18 ANOS OU MAIS! Sinopse Seis anos se passaram desde que uma infecção transformou a maioria da população em criaturas ferozes e semelhantes a zumbis que caçam durante o dia, forçando os vivos a um estado noturno de existênc...