76. Capítulo 25 - Luta para Sobreviver - 2ª parte

23 4 54
                                    

Capítulo 25 – Luta para sobreviver – 2ª parte


Genevieve


— Ainda dói — sussurrou Echo com um gemido, mas por trás da dor havia o lampejo de um sorriso em seus olhos.

Eu consegui reprimir o riso divertido, no entanto não pude evitar que sorrisse. — Você vai viver — eu disse a ela, ao dar um tapinha meio brincalhão em sua bochecha.

— Obrigada, Casey — Echo comentou agradecida, embora eu tivesse certeza de que gratidão não era exatamente o que ela estava sentindo em relação à Casey no momento.

Enquanto Casey acenava com a cabeça e recolhia os suprimentos médicos sujos, Blake retornou com o garotinho. — Ele não parou de chorar — disse ele, e no momento em que se aproximou de Echo, o menino estendeu os braços para ela.

Eu observei Blake seguir Casey de volta para dentro, e a lembrança de todas as pessoas feridas lá fez meu estômago afundar com a urgência da situação. — Vou ver se eles precisam de ajuda. Você está bem ao esperar aqui um pouco?

Echo assentiu de maneira tranquilizadora, então voltei para dentro e fui até April, que mexia na perna de um homem em busca de um projétil. — Como posso ajudar? — Perguntei, recusando-me a assistir.

— Casey, vá buscar para a Genevieve o remédio que eu tenho guardado — ela instruiu sem olhar para cima de seu trabalho. Assim que puxou o projétil, pressionou um pedaço de gaze na perna do homem e, enquanto aplicava pressão, ela se aproximou do meu ouvido para que ninguém pudesse escutar. — É para os mordidos que estão com muita dor. Diga a eles que é um sedativo. — Ela fez um movimento para o meu braço, onde ele se curva no cotovelo. — Tente pegar a veia se puder.

Casey retornou e me entregou dois pequenos frascos de vidro de um líquido transparente e uma agulha de injeção. — O que é isso realmente? — Questionei, ao colocar os frascos no bolso da calça jeans e tirar cuidadosamente a seringa.

April me lançou um olhar triste e grave, e eu balancei a cabeça para que ela não precisasse me responder. Tinha que ser algum tipo de eutanásia. Levei a seringa para a primeira das vítimas de mordida dispostas em uma mesa.

Ele tinha carne a faltar em todo o lugar, mas parecia que ele estava com tanta dor que já estava em choque. — Senhor — eu disse, tocando seu braço para chamar sua atenção. O único reconhecimento que ele me deu foi voltar os olhos para mim. — Vou dar um sedativo a você.

Se ele me ouviu, então estava em agonia extrema para responder. Havia um desenho na linha na seringa, a partir disso enfiei a ponta em um frasco e a enchi até a linha. A figura azul da veia do homem era visível através de sua pele, e como eu nunca tinha segurado uma agulha antes, fiz o meu melhor para conter um estremecimento enquanto eu empurrava a ponta pontiaguda através de sua carne e injetava o líquido. Os olhos do homem me encontraram novamente, mais alertas do que ele esteve o tempo todo, e meu coração falhou uma batida. Eu já tinha matado antes, mas nunca um inocente. Nunca os olhei diretamente nos olhos. Sempre que alguém do nosso grupo era mordido, eu me recusava a ser a pessoa a matá-lo, porque nós encontraríamos uma cura e não poderíamos curá-los se esses indivíduos estivessem mortos. Eu sabia que isso tinha que ser feito, não podíamos ter Ferais perto do acampamento, no entanto ainda era angustiante. Eu podia ver esse homem desaparecendo. Ele não estava mais focado em mim, embora ainda estivesse a olhar para mim. Ele estava vendo outra coisa. Então ele deu um último suspiro, e seus olhos tremularam fechados. Não conseguia desviar o olhar, apenas olhava para o corpo à minha frente, para a vida que tinha acabado de tirar, imaginando se era o que ele queria. Ou se havia doído. Um grito agonizante me tirou da posição em que me encontrava. Olhei ao redor para me deparar com a próxima vítima de mordida, e então me preparei e segui em frente. Mais duas vezes injetei o veneno nas veias dos civis. Eu não sabia quantas vezes mais eu poderia lidar com isso, e foi quase com alívio que me movi para o meu último paciente. Uma jovem, de vinte e poucos anos, talvez, com mordidas nos braços e um ferimento de bala no abdômen.

Caronte Atraca À Luz Do DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora